quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Sinal da Cruz


     Hoje, depois de entrar no ônibus que me leva ao trabalho, me dirigi a um lugar vago no fundo, o único disponível no coletivo que não ostentatava a cor amarela. O assento no meio, entre duas mulheres robustas me impedia de mover os braços, era a desculpa perfeita para não pegar o terço na mochila, terço esse que a pouco tempo era um pendulo em minha cintura, mais que um acessório, praticamente parte integrante de minhas vestes, inseparável. Agora ele jazia no fundo de minha mochila, aguardando ansioso que eu o pegasse para alisar suas contas enquanto repetia mentalmente orações a muito decoradas e que eu tinha o costume de repetir mentalmente enquanto outra parte de minha mente me lembrava dos problemas de minha vida, do meu trabalho, do bairro, da igreja e família. Mas eu não peguei o terço.
      Foi enquanto eu me enchia de motivos para não fazer nada que apareceu, passando pela roleta, um jovem que eu já havia observado algumas vezes na igreja, o via como alguém tímido, mas confiável, ele também me viu, ignorando os bancos amarelos veio ficar de pé a alguns metros de mim. Me ofereci para segurar sua mochila, não pareceu me faltar espaço para isso. Pensei em puxar um assunto, mas não encontrei um que fosse interessante o suficiente para motivar uma conversa que durasse toda a viagem, então desisti. Mas o que ví a seguir foi suficiente para me manter ocupado por toda a viagem. Com um olhar compenetrado para fora do ônibus e uma postura impecável, aquele jovem fez o sinal da cruz. Não sei se mas alguém percebeu, mas aquele gesto pareceu algo solene para ele.
      Ele não fez apenas um sinal com as mãos, ele contemplou todo o mistério da cruz. Passando por cada ponto cardeal com leveza, enquanto eu, em minhas rápidas orações costumava olhar para os lados para ter certeza que nenhum olhar reprovador me encontraria e realizava em meio segundo um sinal tosco que nem de longe lembrava uma cruz. Senti vergonha. O jovem e sua demonstração de fé foram para mim motivo de reflexão, como o soldado gigante que se vê derrubado por um menino e sua pedra, me ví ser lançado na minha falta de fé por um jovem e sua cruz.
     Entendi o recado, mentalmente iniciei a oração do terço, não sei até quando aquele gesto irá me impulsionar, mas enquanto eu tiver a imagem daquele jovem na mente irei me esforçar, para ser um cristão melhor, para orar pelas pessoas que se recomendam as minhas orações, para agradecer pelo dom da minha vida, da minha saúde, da minha família, do meu emprego e do meu namoro. Agradecer, não por eles serem perfeitos, na verdade eles estão longe disso, mas agradecer por ainda ter a oportunidade de modifica-los, algo que eu só posso fazer em vida. Eu ainda posso dizer que amo, ainda posso dizer que me importo, posso dizer "não" e explicar o motivo, posso estar presente, e isso é algo indescritível.
     Muitas vezes estamos na vida de passagem, deixando as coisas seguirem um curso ao qual dizemos estar alheios, em algumas situações até ousamos dizer que aquela é a vontade de Deus, quando na verdade nem sequer paramos por um momento para ouvir a voz do espírito que a todo instante nos fala. Deixamos o comodismo e o medo nos guiar, estagnamos nossas vidas como em um estado de torpor e um dia quando acordamos nos damos conta de ter perdido dias, meses e em muitos casos anos de nossas vidas apenas sendo levados pelas circunstâncias, tal como um pedaço de madeira, que despejado no mar se entrega à maré e passa a agir de acordo com a vontade dela, até que um dia é lançado na areia de alguma praia do mundo.
     E essa praia é um momento crucial em nossas vidas, pos é o lugar onde tudo será decidido, é o fundo do poço. A madeira pode ficar lá, inerte como sempre até que a maré suba novamente e recomece sua dança, ela pode ser enterrada lá ou pode ser encontrada pelo artesão, que com suas mãos habilidosas transforma o que não tinha valor na mais valiosa obra prima. Você pode ser como esta madeira, mas ao contrario dela você está vivo, você não precisa esperar pelo artesão, pos já foi encontrado pelo carpinteiro de Nazareth, que te chamou pelo nome e te deu uma missão, não seja mais um detrito no mar, nade contra a corrente, faça a diferença! Você pode, ou ao menos essa é a Minha Humilde Opinião,  que foi desenvolvida graças ao sinal da cruz que um jovem fez dentro do ônibus.

Ass: Bruno Santos

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Futebol, pra quê te quero?

     Quando eu nasci fui automaticamente introduzido, por influências familiares, em um grupo de indivíduos conhecida como "torcedores do Flamengo". Eu não tinha nenhum motivo claro para torcer para esse time senão o fato de todos ao meu redor fazerem o mesmo. Ao longo da minha vida, conforme eu crescia, descobria os outros times e o que eles representavam, não apenas para seus torcedores, mas para todo o país, percebi uma coisa que iria modificar drasticamente minha vida me tornando um aliem entre os garotos da minha idade ... eu não gostava de futebol. Ainda não gosto e não acho que vou gostar algum dia. Não tenho paciência para assistir, habilidade para jogar e nem vontade de entrar nas longas e as vezes violentas discuções sobre a clareza de suas regras e como uns ou outros não as cumpriram no ultimo jogo. 

     Você pode achar que isso é bobeira, mas foi primordial para a minha formação como indivíduo. Eu vejo com estranheza pessoas que com roupas, acessórios e até marcando a própria pele procuram declarar seu amor para uma instituição que no final das contas tem o simples objetivo de trazer lucro aos seus presidentes,  dirigentes, investidores e patrocinadores. O que efetivamente um torcedor ganha sendo um torcedor? Satisfação pessoal quando o time ganha? Existe realmente uma satisfação em ver pessoas que não te conhecem jogar uma partida de futebol na qual você não pode interferir e sabendo que ganhando ou perdendo no fim do mês o jogador receberá seu salário milionário?

     Falando em salários milionários, o que faz um contrato de um clube com um jogador chegar a valores tão altos? Por quê não se paga assim por um médico, professor ou bombeiro que tem funções bem mais importantes na sociedade? Talvez os professores devam começar a usar uniformes com propagandas de materiais escolares, os médicos de laboratórios farmacêuticos e assim por diante, talvez isso valorize já que o seu trabalho duro parece não ser suficiente. Um jogador de futebol influencia tanto assim no futuro do país? Ele pode te curar de uma doença ou ensina seus filhos a ler?

     Bem, um jogador pode não influenciar o seu futuro (ainda), mas ele já influencia no seu vestuário, no seu pentiado e até na sua alimentação, já que ele está presente em todas as propagandas, as vezes eu tenho a impressão que se uma comitiva de alienígenas visitasse a terra e pedisse para ser levada ao nosso líder, teria difículdades para acreditar que este não é o Neymar. Ao que parece, o seu time influencia também no seu caráter, já que as pessoas se referem aos indivíduos que fazem parte de uma mesma torcida como sendo um grupo de clones com os mesmos pensamentos e atitudes, se você é vascaíno é assim, se botafoguense é assim, isso é como um horóscopo de times.

     Isso pode ser considerado preconceito, julgar o caráter de uma pessoa pelo uniforme que veste é menosprezar todos os outros aspectos da vida dessa pessoa, tudo mais que ela é antes de ser torcedora de um time. Em contrapartida, existem pessoas que colocam o time a frente de tudo mais que elas são, e a frente de muitas coisas que deveriam ser mais importantes, como os estudos, a família e até de Deus. Quando uma pessoa coloca a final do campeonato na frente de tudo mais que vai acontecer naquele dia ela está transformando o time em um ídolo, e acredito que todos saibam o que a bíblia diz sobre idólatras. 

     O futebol veio para o Brasil em 1894 pelas mãos de Charles Miller que trouxe ao país a primeira bola após voltar da Inglaterra, mas o futebol por aqui era praticado apenas por pessoas da elite, sendo vetada a participação de negros em times de futebol, acredito que assim como o pólo e a esgrima ele teria permanecido um esporte dessa classe, se os negros não tivessem não apenas se tornado jogadores, mas se tornado astros do esporte, isso fez a massa querer conhecer, querer tentar, querer deixar a multidão e ser parte do time, para a esmagadora maioria, torcer ainda é o mais próximo que se chega de ser parte da equipe.

     Acabamos de passar por uma Copa do Mundo, um evento no qual este esporte é reverenciado em nível global, nenhum outro esporte possui um evento de tamanha escala, e nenhum país da tanta importância a isso como o Brasil, que decretou feriados, criou estruturas de transporte, reforçou policiamento e até criou novas leis para defender este evento, a minha pergunta é: se eles podiam, por quê não fizeram tudo isso antes? Qual era o impedimento de aumentar o número de policiais nas ruas, criar leis contra a violência e tráfico de drogas, tirar moradores de rua de lá e tantas outras coisas que de uma hora para a outra se tornaram possíveis? Quanto tempo mais os brasileiros vão se deixar levar pelas aparências e conveniências que nos tornam cada vez mais desprezíveis? Não tenho ódio do esporte, nem acho que ele deveria ser banido, só acho que seria mais vantajoso ser o país da educação, o país da saúde, o país da qualidade de vida que o país do futebol, mas sinceramente, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Pão e Circo X Bolsa Família e Futebol

01/07/2014 08:01

     Sempre achei que o Brasil fosse um "samba do crioulo doido", como diz a expressão, um amontoado de gente sobre um continente, fazendo o que bem entendia sem se preocupar com o amanhã, achava que conspirações e planos para domínio fossem coisas dos EUA, até que estudando o antigo império romano encontrei o termo "política do pão e circo" ou Panis et Circenses. Por essa política, o Estado da época buscava promover os espetáculos como um meio de manter os plebeus afastados da política e das questões sociais. Era, em suma, uma maneira de manipular a plebe e mantê-la distante das decisões governamentais. Havia distribuição mensal de pães no Pórtico de Minucius, que assegurava o pão cotidiano.

     E então? Familiar? Manter o povo ocupado com divertimento e oferecer alimento, e assim, afastar o povo da política e de qualquer cargo determinante na sociedade. É a "política do bolsa família e futebol". Uma cultura na qual os menos favorecidos da sociedade são mantidos ocupados em campeonatos intermináveis, sabendo o nome de cada jogador de cada time, sua trajetória e origem, mas não fazem ideia da história dos candidatos a presidente do pais. Cultura na qual pessoas que ganham o bolsa família são tidas como felizardas, merecendo ou não o benefício. Não estou criticando quem gosta de futebol, não estou criticando quem recebe o bolsa família, estou apenas apresentando uma nova perspectiva dos fatos.

    Sou brasileiro, assisti aos jogos da copa reunido com a família, mesmo não sendo fã do esporte, e cansei de ver pessoas aos prantos em frente aos telões, fazendo preces pelos jogadores e até deixando suas famílias ou compromissos quotidianos para ir pra entrada da Granja Comari esperar pessoas normais, meros seres humanos com cabelos estilosos e salários milionários (que diga-se de passagem, são meros piões na mesa de um sistema capitalista e frutos de um departamento de marketing que vai descarta-los assim que cumprirem seu objetivo, ou seja, vender produtos dos quais você não precisa) passarem por eles sem nem sequer olhar em suas faces.

     E para quê? Depois de tudo aquilo, nosso pais continua com obras superfaturadas e inacabadas, um lixo de saúde e vergonha de educação (temos os resultados do ENEM para provar isso), não sou contra a seleção, sou a favor de um país melhor, se você também é, eu te faço uma proposta, se lembre de toda a animação do dia da abertura da copa, se lembre do patriotismo na hora do ino nacional e de como da orgulho ser parte dessa nação, dai nas próximas eleições, saia da cama para ir votar com essa mesma animação. Mas não é pra transformar os candidatos em times como em 2014, quando amigo se voltou contra amigo como se todos fossem rivais, para que no final das contas, depois de todo o barulho dos protestos o Brasil e o estado do Rio ficassem exatamente como antes. Se prepare para essa festa da democracia, se informe sobre a vida dos candidatos da mesma forma como você faz com os jogadores, e assim, nós teremos muito mais motivos para ter orgulho de ser desse país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião. 

Ass: Bruno Santos

Fontes: http://somostodosum.ig.com.br/mob/blog.asp?id=8514

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Boca Suja


     Existem circunstâncias na vida em que nada é capaz de expressar o que se está sentindo. Apenas "ai" não descreve a intensidade daquela dor, apenas "muito" não é o suficiente para expressar o quanto aquilo te prejudicou, e "bom" nem chega perto de descrever aquele evento que você sabe que vai mudar sua vida para sempre. Quando as palavras de praxe não suprem a intensidade dos sentimentos, entram em cena o nosso velho e conhecido, palavrão.

     Não estou tentando justificar o uso deles, e vocês verão isso ao longo do texto, mas sejamos francos, mesmo se podando e reeducando para não falar as tais "palavras feias", para nós adultos, o ato de não pensar neles é extremamente desafiador. Isso por estarmos familiarizados com seus efeitos relaxantes e expressivos. Naquela frase que termina com um palavrão, nenhuma outra palavra encaixa da mesma forma, por mais que o sentido seja o mesmo ou até um sinônimo mais rebuscado, ele não tem o mesmo efeito sobre o nosso organismo.

     Eu fui educado desde novo para não ter palavras deste escalão em meu vocabulário, e me mantive firme nesse propósito, mesmo que durante a adolescência elas tenham entrado em erupção dentro de minha mente em maior número que as espinhas em meu rosto. Entretanto, minha curiosidade sobre essas expressões tão presentes em nosso cotidiano não deixou de existir. Eu me perguntava o que havia de tão especial nessas palavras que são capazes de nos fazer expressar sentimentos inexpressíveis, dar sentidos novos a objetos e novas interpretações de acordo com a circunstância ou entonação da voz. Durante algum tempo eu achei que o sucesso dessas palavras fosse devido a seus fonemas fortes que nos faziam vibrar a língua ou forçar os lábios, essa teoria se reforçou enquanto observava que várias crianças xingavam sem fazer ideia do que exatamente estavam dizendo de errado.

     Entretanto essa hipótese caiu por terra quando percebi que outras palavras, com os mesmos sons não tinham efeitos compatíveis, por exemplo: "Pula do Barril", " Filho já chuta ", " Porrete", "Capacete", etc. Acho que a palavra "não palavrão" que chega mais perto do efeito relaxante de um é o sobrenome Carvalho.  No fim das contas aquelas crianças só estavam repetindo o que haviam ouvido em situações que consideraram semelhantes, e não era o fato de alguém dizer que é errado que os impediria, afinal, ninguém explica o porque. Acho que talvez ninguém saiba, e eu também não sei, mas tenho uma outra explicação. 

     Acredito que nem sempre essas palavras foram mal vistas, mas passaram a ser consideradas inadequadas a partir do momento em que o sexo foi marginalizado e tido como algo obscuro, quando na verdade é algo lindo, o meio através do qual um homem e uma mulher se unem em uma só carne para ajudar Deus na criação de um novo ser humano. Isso é um momento profundo, sagrado, mas o mundanismo transformou em algo puramente erotizado, resultado, tudo ligado ao sexo passou a ser considerado impuro, assim surgiu o termo "boca suja". Se prestarmos atenção veremos que os palavrões mais populares são geralmente palavras ligadas a órgãos genitais/escretores , ameaças sobre coisas que se pode fazer com os mesmos ou ofensas sobre os progenitores de alguém, mais comumente a mãe, provavelmente devido sua fama de ser mais querida. Dessas palavras, algumas já constam nos dicionários, classificadas como gírias, de tão entranhadas que estão em nosso vocabulário.

     Pelos meus cálculos, a profissão "mais antiga do mundo" originou o primeiro palavrão do mundo, e realmente, ser filho de uma mulher que se deitava com vários homens por dinheiro não deveria ser nada agradável. Quanto a origem das ameaças a integridade do orifício circular corrugado, localizado na parte infra-lombar dos glúteos, eu acredito que tenha surgido nas cadeias, onde alguns detentos eram violentados sexualmente, posteriormente essa prática ganhou até um gesto precedente através do qual as futuras vitimas eram avisadas do estupro eminente.

     Hoje em dia o palavrão é algo tão habitual que algumas pessoas os usam para tudo, é como uma muleta vocabular, entra no buraco da frase para preencher o espaço de qualquer palavra, em certas vezes até elogios. Existe outra modalidade também conhecida como xingamento na qual não necessariamente você usa uma palavra inadequada, mas você a usa pejorativamente contra alguém. São alguns exemplos chamar uma mulher de vaca (apesar delas serem sagradas na índia), um negro de macaco (apesar de sermos todos macacos), ou um homossexual de veado (apesar dos veados serem seres que se reproduzem através do sexo entre macho e fêmea assim como qualquer outro), enfim, não faz sentido.

     Apesar da existência de toda uma história por trás do palavrão, é extremamente desagradável ouvi-lo. Não posso te julgar se você faz isso no seu círculo de amizades com pessoas que não se importam, mas tenha bom senso, ninguém merece ser estuprado mentalmente por palavras obscenas, mesmo que para você elas sejam comuns como um "bom dia". O direito de expressão se limita a expressão dos pontos de vista, mas essa, como sempre, é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Ônibus


     Estar em um ônibus é uma experiência que atiça os sentidos, a audição com a conversa dos outros, o olfato com os perfumes das meninas e as axilas dos peões, o tato com o roça-roça, a visão com... não, a visão não, a regra é fingir que está dormindo pra não ter que dar o lugar pra ninguém, ou passar a viajem toda olhando pro celular, a não ser, é claro, que aconteça um acidente, nesse caso a regra é sair do lugar a procura do melhor ângulo para visualizar as perdas alheias. Muita coisa no ônibus pode irritar, desde a rampa para deficientes que nenhum motorista sabe usar até a biometria para os estudantes que tem dado bastante dor de cabeça e nem quero começar a falar sobre os aparelhos de rádio no interior do veículo, mas uma das coisas que mais me irrita é ter que pegar um lotado.

     E o que mais me irrita no ônibus lotado não é a falta de espaço ou o desconforto, o fato das pessoas acharem que adquirem o dom da intangibilidade cada vez que pedem licença ou estudantes que não tiram as mochilas das costas, o que me irrita de verdade é a hostilidade das pessoas quando estão em um ônibus assim, não sei se isso é causado pelo calor humano, por alguma substância existente no suor que libera instintos primitivos ou se é só o povo da minha linha que é mal educada mesmo. O fato é que o ponto em que subo no ônibus é bem avançado, significa que meu ônibus que já sai do Terminal Rodoviário João Goulart, em Niterói, sem acentos livres, completa sua lotação ao longo do caminho, chegando muitas vezes ao meu ponto com sobrecarga de passageiros.

     Mas você acha que isso me impede de subir? "Sabe de nada inocente!" Só tem ônibus de vinte em vinte minutos e todos vem lotados no horário de pico, que é das 17 as 19:30h, se eu for esperar um vazio vou ficar esperando em pé no ponto esse tempo todo depois de ter trabalhado o dia inteiro. E considerando que muitos motoristas passam direto quando estão lotados, não posso me dar ao luxo de ficar escolhendo. Ou seja: parou, subi.

     Acontece que as pessoas que subiram no ônibus no ponto anterior ao meu, já o pegaram cheio, mas mesmo assim se acham no direito de me criticar, como se eu estivesse cometendo um crime. Eu quero chegar em casa tanto ou até mais que qualquer uma delas, por quê eu tenho menos direito que elas? Nenhuma pessoa normal pega um ônibus lotado por achar divertido, e quando eu digo pessoas normais não incluo aqueles tarados que gostam de ficar atrás das moças de bermuda tactel e sem cueca, estou falando de pessoas com filhos pra buscar, familiares para alimentar, compras para fazer, contas para pagar.

     Todos querem conforto, mas as vezes é necessário abrir mão dele por uma causa mais nobre. Quando você está em um aperto danado e vê uma senhora com sobrepeso fazendo sinal para o ônibus, pode até achar que ela é louca, mas duvido que você gostaria de estar no ponto frio e escuro sozinha(o), correndo o risco de ser vitima de um assalto, violência ou sabe-se mais o que. E por mais que você pense que não, os idosos e deficientes não saem de casa pensando " hoje eu vou incomodar pra caramba, cuidado busão!", eles só querem chegar a algum lugar, assim como você. Precisamos aprender a nos colocarmos no lugar dos nossos irmãos.

     O motorista não recebe o salário dele por comissão de acordo com o número de passageiros que leva, se forem 75 ou 140 ele vai receber a mesma coisa, então não pense que ele enche o coletivo por ganância, ele quer que as pessoas cheguem em seus destinos, assim como ele vai querer chegar em casa quando sair da garagem após a ultima viagem, não é fácil dirigir aquele monstro e ele ainda se preocupa em olhar as estradas esburacadas, parar nos pontos requisitados, dar troco e zelar pela ordem dentro do coletivo, vamos respeita-lo e trata-lo com o respeito e a educação que a função merece, mesmo que nem sempre a pessoa mereça tanto assim.

     Todos tem direito de ir e vir, pelo preço que pagamos deveria ser ir e vir com conforto e segurança, mas não é culpa do irmão ou do motorista se não temos, se quer reclamar, que seja diretamente com a empresa ou com a ANTT ( Agência Nacional de Transportes Terrestres), só assim a empresa vai liberar mais ônibus, renovar a frota, dar treinamento, etc. Se as pessoas reclamarem no lugar certo, talvez as pessoas erradas não precisem ficar aguentando piadinhas, olhares atravessados e nem agressões, mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Coisas Erradas que Ensinamos para as Crianças.

     Eu não sou pai, provavelmente não serei tão cedo, mas vendo e ouvindo o que tem sido ensinado para as crianças desde a minha época nesta condição, me preocupo com a sociedade na qual meus filhos crescerão, então aqui segue uma lista com algumas coisas erradas que observei:

1- Isso é coisa de menino isso é coisa de menina.

     Por muito tempo fui perseguido pela máxima "Meninos não choram". Isso para mim era um problema, já que eu fui um garoto bem chorão, mas vendo que isso não afetou o que sou hoje  comecei a refletir. Os sentimentos são o diferencial da raça humana em relação as demais espécies. É como a capacidade de exitar frente a possibilidade de ferir a sí mesmo ou a outro. Chorar (dentro de um certo limite), não torna um garoto menos homem, o faz mais humano.
     A divisão do que é pra menino e do que é pra menina é uma mera imposição social, por exemplo: por facilitar a higienização e movimentação dos bebês pequenos o vestido era usado como peça do vestuário, tanto para meninos como para meninas, até o final do século 19, mesma época na qual por uma questão de marketing, as lojas começaram a indicar quais cores eram mais indicadas para cada sexo a fim de movimentar as vendas já que tinjir as roupas era caro e os pais não estavam nem ai para as cores.
     Acontece que em 1918 se dizia que o rosa era ideal para os meninos por ser uma cor forte, enquanto azul era considerada a melhor cor para meninas por ser delicado. A partir de 1920 é que foi estabelecido o padrão que está agora tão enraizado em nossa cultura. Eu fico imaginando os pais da época, tendo que de uma hora para outra renovar todo o guarda roupas do filho para que ele parasse de ser confundido com uma menina, e esse menino crescendo nessa cultura e passando isso ao filho até chegarmos no ponto em que estamos, no qual a cor da roupa, dos brinquedos e até dos personagem de TV parece fazer uma divisão entre meninos e meninas que deveriam estar aprendendo a conviver, coexistir e cooperar, cada um com suas qualidades e seus defeitos.

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-rosa-e-cor-de-menina-e-azul-de-menino?conteudo-relacionado

2-Ta apertado? Faz ali no cantinho!

     O problema não é especificamente fazer xixi na rua, o problema é o velho estereótipo do "menino pode, menina é feio", os dois são feios! Você não quer estar passeando de mãos dadas em um clima romântico e de repente se deparar com um pênis de fora no meio da rua. Isso não é nada agradável, então deixe claro pro seu filho que ele urinar em via pública é uma excessão e não uma regra, para que ele entenda desde cedo o significado da palavra pudor e assim não precise aprender dentro de uma cela o que você não ensinou em casa.

3-Senta prá ver TV e fica quietinha(o).

     No meu tempo passar horas e mais horas em frente a TV era tido como um comportamento inapropriado, quase doentio, sei, pois fui um pioneiro nessa área e muitas vezes fui criticado pelos meus familiares, amigos e seria pelos vizinhos, mas eles nunca me viam. Minha rotina era escola TV, TV escola. Isso resultou em uma grande timidez, sobrepeso e consequentemente problemas ósseos, mas apesar de tudo isso tive bons momentos na minha infância, apesar do que possa parecer, mas a programação da TV era diferente, ela realmente tinha a intenção de educar.
    Me surpreendo hoje em dia ao ver pais e mães usando a TV como babá, não vejo mais jogos em família, as boas e velhas piadas, as guerras de cócegas, não vejo mais crianças jogando queimado, pique-bandeira ou o tradicional jogo de taco. Não fui fã desses jogos, confesso, mas se eu soubesse que eles seriam extintos eu provavelmente teria me entereçado mais. Agora as crianças tem seus exercícios físicos reduzidos às mãos que movimentam as telas dos smartphones e tablets ou no máximo mudando os canais no controle remoto. Televisão não é babá! Se você quer um filho saudável, esperto e comunicativo, precisa se comunicar com ele, sair com ele, deixa-lo fazer amigos e dar a ele a oportunidade de experimentar o mundo real, rolar na grama, se molhar na chuva e chutar lata pra jogar futebol.

      
4- Vai ficar bonita igual a mamãe.

     Toda criança é linda, não importa se ela não se encaixa nos seus padrões de beleza, ela é linda, simplesmente pelo que ela é: uma criança. Se ela não tem um cabelo encrívelmente liso, pele perfeita ou olhos simétricos isso não passa de um mero detalhe, toda criança é linda e essa beleza deve ser preservada e não escondida debaixo de camadas e mais camadas de maquiagens ou ressaltada por uma roupa curta ou salto alto. Criança tem que ser preservada, em sua pureza e integridade. Submete-las a julgamentos sobre sua aparência a impedem de desenvolver outras áreas da sua personalidade e a deixam marcadas por toda a vida.

5-Você vai poder quando você for grande.

     Ser criança é ótimo, poder falar a verdade sem medo das convenções sociais, não precisar trabalhar para comer, se vestir, se divertir, não é justo que crianças vivam uma fase tão maravilhosa na expectativa daquilo que farão quando forem adultos, por quê crianças não podem apenas ser crianças? Provavelmente ele não vai saber o que realmente quer ser até terminar a primeira faculdade. Deixem as crianças serem crianças, e se preocuparem com a vida de adultos quando o forem, ou mais tarde. Quem sabe?!

6- Pode falar ele(a) não entende.

     Existem coisas que não são para os ouvidos de crianças, muito menos para suas bocas, e não estou falando apenas de palavrões. Todas as coisas tem seu tempo, no momento certo seu filho vai chegar até você e perguntar o que ele quer saber, se você deixar aberto desde cedo um campo de comunicação no qual ele saiba que pode contar com você, então não despeje uma enxurrada de informações que não serão úteis para ele tão cedo e nem use suas experiências ruins para matar os sonhos dele, pode ser que ele consiga o que você não conseguiu, ou pode ser que ele queira algo completamente diferente, o seu papel como pai não é podar os sonhos do seu filho, é dar assistência para que ele possa crescer com meios para não te culpar por não ter conseguido. Papai Noel, coelhinho da páscoa e bicho papão são opcionais.

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     Obviamente essas foram apenas algumas coisas que tive a oportunidade de observar, todos os dias crianças aprendem coisas erradas e as praticam como se fosse algo normal, não quero ensinar ninguém a criar seus filhos, mas se os meus vão crescer junto eu vou querer dar o meu pitaco, você pode não concordar mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

sábado, 3 de janeiro de 2015

Favela e Seus Complexos


     O conjunto das experiências vividas, as pessoas que conheceu, os lugares por onde passou, desenvolvem no ser humano características que iram diferenciá-lo de todos os que não viveram o mesmo. Isso é o que cria a chamada identidade regional, que faz com que pessoas de um devido local apresentem um determinado "padrão" de comportamento. Pessoas de pavio curto, que falam alto em locais públicos, falam gírias em excesso ou chingam costumam ser associados ao estereótipo de favelado. Mas se quem mora na favela é favelado, quem mora em um complexo seria o que? Complexado? Faria sentido! Acredito que ambos possuem complexos, medos e inseguranças que vão muito além do que os "moradores do asfalto" são capazes de imaginar.

     A cena do filme ''Era uma vez'' (direção de Breno Silveira, 2008), na qual um grupo chega à praia e dispersa os banhistas que lá já se encontravam, é um bom exemplo do que estou tentando dizer. A sociedade foi induzida a temer a favela e quem lá se encontra, colocando seus moradores a margem da sociedade. Em uma recente visita ao MAR (Museu de Arte do Rio) pude contemplar a bela exposição "DO VALONGO À FAVELA: Imaginário e Periferia", obras que não apenas encheram meus olhos, mas a minha mente, com fatos sobre os quais eu ainda não havia sido capaz de refletir com a devida profundidade. A história por trás do nascimento das primeiras favelas no Rio, as tentativas do governo de eliminá-las, as pessoas que viviam lá, o orgulho que elas tinham disso, a cultura que se criou ao redor de todas essas circunstâncias e o reflexo disso em tudo o que vivemos hoje. 

     Tendo crescido no bairro que hoje é mostrado nos jornais e noticiários como Complexo do Caramujo, que recentemente foi considerado o "morro" mais bem armado de Niterói, vejo como é esperado pouco dos que lá estão, fazendo com que o ingresso de um jovem de lá na faculdade seja visto com surpresa. Fico muito feliz quando vejo que um(a) amigo(a) ultrapassou essa barreira e foi capaz de vencer, com muito esforço, mesmo contra todas as estatísticas e expectativas depois de ter estudado em um colégio onde cantavam "Uh, lixeirão, entra burro e sai ladrão". O Caramujo na verdade nada mais é que um bairro localizado em uma área que constitui o chamado "mar de morros", que se caracteriza pela sucessão de vales e colinas de baixa altitude, bem como a ocupação de encostas pela escassez de áreas planas. 

         Cresci feliz, em um bairro que atendia a todas as minhas necessidades me repleto de ótimas pessoas, mas com o passar dos anos vi as coisas mudarem. Já não se podia chegar da rua a qualquer hora, não se podia ir a qualquer lugar, não se podia falar o que quisesse, em alguns momentos nem vestir o que quisesse. Eu vi locais que antes eram pontos de brincadeiras se tornarem pontos de vendas de drogas, eu vi rostos conhecidos na rua se tornarem rostos conhecidos das manchetes do Jornal São Gonçalo e O Fluminense, eu vi amigos queridos se tornarem amigos saudosos com um fim trágico.

     Mas principalmente eu vi a esperança de um povo que acredita que os bons ainda são maioria, a fé de um povo que não deixa de ir trabalhar, estudar ou orar porque o bairro está perigoso. Eu já tive vergonha de dizer onde morava, já falei que era do Fonseca, já tive que escutar "Au au au, vai descer quem mora mal" depois de voltar de um passeio do colégio, já tive que escutar minha mãe me mandando calar a boca quando eu começava a falar do bairro no meio da rua. Mas eu era feliz. Acho que para as pessoas que cresceram na mesma época em outras comunidades tem sentimentos parecidos. Bezerra da Silva, no ano de 1992 já dizia em sua música Eu sou favela a frase:

"A favela nunca foi reduto de marginal. 

Ela só tem gente humilde marginalizada,

E essa verdade não sai no jornal.

A favela é um problema social."

     Ainda não posso declarar que sou um vitorioso na vida, ainda não posso voltar no bairro onde cresci e tentar servir de exemplo para os jovens de lá, mas espero chegar a isso algum dia. Não serei um jogador de futebol reconhecido internacionalmente, um ator global e nem um astro do rock, mas um cidadão de bem, trabalhador e pai de família, espero que isso seja o suficiente. Sei que me diferencio muito da maioria deles, na forma de falar, me vestir, pensar, no gosto musical e em muitos outros aspectos, mas hoje eu tenho um respeito maior por essas diferenças. Reconheço que suas características são o resultado de sua criação e sei que isso é cultural, mas eu ainda fico triste em ver as limitações impostas a eles, tanto por eles mesmos quanto pelos outros.

     No dia 14 de julho de 2013 o pedreiro Amarildo de Souza foi assassinado por policiais da UPP da Rocinha. Ele, infelizmente, é mais um entre os muitos casos que retratam a violência contra os moradores de comunidades, que precisam suportar abusos de autoridades constantes, nos levando a não saber mais a quem devemos temer: se aos bandidos ou se a polícia. Não deveriam existir tiroteios ou operações violentas de invasão nestas comunidades, mas sim estratégias inteligentes que resultem em prisões e apreensões. Se for pra viver em um mundo onde eu posso ser baleado a qualquer instante em qualquer lugar que eu vá, então é melhor dar uma arma para cada cidadão e mandar que eles se virem... Mentira! Isso não seria melhor, mas é a impressão que se tem às vezes.

     A UPP foi uma iniciativa boa, sim, mas apenas ela não é o suficiente! Um remédio que apenas ameniza a dor não resolve o problema, é preciso tratar os sintomas. Da mesma forma, é necessário dar melhores opções de educação e lazer para os jovens, assim, o tráfico e as próprias drogas serão vistos como empecilhos e não como uma oportunidade de renda ou fuga para a felicidade. É óbvio que os jovens que entram para o tráfico sabem que terão pouco tempo de vida, mas se essa é a única chance que eles enxergam para alcançar o tal padrão que eles assistem na TV, fica difícil esperar outra atitude que não aderir ao movimento. Mas ainda existe esperança.

     Morar no morro não significa ser bandido, morar na favela não significa ser favelado, e um dia, morar no complexo não deixará ninguém complexado. Estamos prestes a eleger nosso próximo governador, que mais do que votar, nós possamos aprender a cobrar, afinal de contas, o governador nada mais é que um funcionário público que deve prestar um serviço a comunidade. Se eu tenho um empregado que ganha mais do que eu, acho que no mínimo eu vou querer que ele exerça um bom trabalho. Vamos mostrar o que nós queremos, mostrar que é o povo quem manda nesse país e que o nosso poder não termina depois do segundo turno das eleições. Sem mais, encerro essa exposição da Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Com contribuição de: Caroline Macedo

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Os Meios e o Fim.


     Quando um namoro começa cria muitas expectativas, faz muitos sonhos serem criados e planos serem feitos. Acontece que muitas vezes esses sonhos não se materializam e as expectativas são frustradas, mas isso não precisa necessariamente ser uma experiência traumática. Existe uma frase que diz "O objetivo de todo namoro é terminar, terminar para que cada um siga seu caminho ou terminar para dar origem a um casamento", ficar namorando para sempre não rola.
       O objetivo do namoro é dar ao casal a chance de se conhecer melhor e dessa forma saber se são compatíveis para viver um matrimônio, ou não, e esse "ou não" significa que nem sempre vai dar certo. Haverá diferenças que não poderão se unir, e é ótimo poder descobrir isso antes de tomar a bênção definitiva de um sacerdote, pois descobrir que se casou com uma pessoa com quem não conseguirá conviver é no mínimo uma situação incômoda.
     Assim, analisando alguns relacionamentos que eu já vi terminarem ou no mínimo terem muitos problemas, posso dizer que os principais motivos de separação são:
     
Ciúmes

       O ciúme é um sentimento que está diretamente ligado a idéia de posse, afinal, as pessoas só o sentem em relação aquilo sobre o que imaginam ter algum tipo de direito. Sejam objetos, parentes, amigos ou o namorado.
     O ciúme pode ser resumido como o medo de perder algo/alguém que tem importância para si ou ver esse algo/alguém perder parte ou todo seu valor por comportamentos ou atitudes reprováveis. Um exemplo disso é o da namorada que impede o namorado de sair com os amigos, não por desconfiar dele, mas por achar que os amigos podem influenciá-lo negativamente e deixá-lo em uma má situação. Ou o namorado que impede a namorada de sair com determinado tipo de roupa, não por ela, mas sim pelos outros que irão julgá-la e/ou cobiçá-la de uma forma abaixo da que ele sabe que ela merece.     
     Um problema nessa situação é que na maior parte das vezes o namorado não é um mero pau-mandado que faz tudo o que os amigos querem, então se ele quiser fazer algo, fará com ou sem os amigos. Ele pode apenas querer passar um tempo com seus semelhantes, assim como as meninas também gostam. E as meninas podem usar determinado tipo de roupa por se sentirem bem e ignorar o que os outros irão pensar ou dizer.
     O zelo pelo outro é importante, dicas podem ser dadas obviamente, mas querer controlar o vestuário, círculo de amizade ou tempo com os amigos foge aos direitos dos namorados. Opinar sim, mandar não. Se não existe confiança no namoro não existirá no casamento e um casamento que não tem confiança e respeito pela individualidade do outro não pode ser feliz.

Infidelidade

     Um dia vi uma amiga postar em uma rede social a frase: "Nunca confie em alguém que faz regime, quem consegue fazer isso pode fazer qualquer coisa". Depois de pensar um pouco, discordei completamente daquela afirmação, pois, na minha opinião, um homem que não sabe dizer não a um pudim, não saberá dizer não a uma periguete, esse sim é digno de desconfiança.
     A fidelidade precisa ser praticada nas pequenas coisas, como diz o livro de São Lucas, Capítulo 16:10: "Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas, sê-lo-á também nas grandes".
     Diferentes tipos de casais podem ter diferentes tipos de definição daquilo que é uma traição, o fato é que quando ela acontece compromete a confiança e deixa uma marca eterna na relação, pois não será esquecida, mesmo que aja o perdão. Uma mentira, uma omissão ou o próprio ato físico, começam com um pensamento. Então é preciso começar de lá sua polidez e aprender a se colocar no lugar do outro. Sem uma fidelidade completa, o namoro levará a um casamento cheio de buracos afetivos.

Brigas Frequentes e Mal Resolvidas

       Certas vezes não é preciso muito, uma brincadeira tida como boba por uma das partes é entendida como ofensa grave pela outra parte e começa a briga. Em outras vezes é mais complexo e as brigas envolvem conceitos ideológicos e morais, discordâncias sobre questões familiares ou profundamente pessoais. Seja como for, brigar é ruim, mas não pelo ato em si. Brigar nos dá a chance de repensarmos nossas opiniões e atitudes, dá a chance de buscarmos a compreensão sobre o outro e sobre nós mesmos, brigar é simplesmente entrar em atrito com o outro, a forma como se dá com isso é que faz a diferença.     
     Não se pode  deixar que uma discordância ou deslize pareça maior que tudo que um casal já viveu junto. Obviamente um casal que briga com muita freqüência tem um problema, só que, mais importante que seus problemas, é o que é feito com ele. Depois de uma briga, cada um vai para o seu canto, reflete, volta mais calmo, conversa sobre o que aconteceu, encontra uma solução e põe em prática? Ou vocês caem no choro para deixar o outro com pena, fazem as pazes na hora, dizem que esqueceram, mas jogam a situação na cara do outro na primeira oportunidade? Isso é o que vai definir que tipo de casamento vocês terão, isso dirá se vale apena insistir.

Desinteresse

      Esse normalmente ocorre com casais que já estão juntos há algum tempo, na maior parte das vezes são anos. O que acontece é que depois de meses de declarações, presentes, poesias e canções você (inconscientemente) acaba achando que conquistou a pessoa, que ela já é sua e não tem mais volta. Um erro tremendo de nossa parte. Tanto os homens como as mulheres precisam ser constantemente conquistados e não precisa de nada muito complicado para isso.
    Uma ligação pra dizer que tem saudades, um bombom pra dizer que se lembrou da pessoa enquanto comia, uma cartinha fora da data do aniversário de namoro, só pra lembrar que o amor continua crescendo, uma saída diferente de vez em quanto faz bem, não precisa ser algo caro, só algo que lhes dê a oportunidade de estarem ligados. É isso o que mantém o namoro vivo, e é isso que manterá o casamento vivo. Então se você planeja passar a vida ao lado de alguém, é bom manter esse alguém interessado.

Pressão excessiva

     Namoro é compromisso? Sim. Namoro envolve responsabilidade? Sim. Mas não é emprego, então é preciso ter prudência. Existem relacionamentos que se findam precocemente por falta de compreensão sobre as limitações do outro. As circunstâncias da vida dele podem impedi-lo de te ligar todo dia, ir na sua casa frequentemente ou de te dar o presente que você tanto quer, mas não são esses os compromissos firmados no namoro.     
     O compromisso aqui é o da sinceridade, da honestidade, respeito e carinho. Um namoro no qual as duas partes se comprometam a dar isso um ao outro e consigam cumprir, mesmo com suas limitações, caminhará para um casamento feliz sem que sejam necessárias pressões externas, pois o desejo surgirá naturalmente no coração de ambas as partes. Mas quando existem pressões desproporcionais, a probabilidade de um rompimento é grande. Como está escrito no livro de Amós 3:3 "Porventura caminharão dois juntos se não tiverem chegado previamente a um acordo?". É preciso que os dois se compreendam e mesmo que queiram que o outro melhore, saibam respeitar o seu tempo.

Falta de comunicação

     A maior vilã da sociedade como um todo, ela é uma destruidora de lares e pode destruir o seu antes mesmo que ele exista, então não deixe que ela se aloje nas desconfianças do ciúme, crie suspeitas infundadas sobre infidelidade, esteja presente em cada briga e acabe gerando uma pressão que vem antes do interesse pelo outro.
     Se durante seu primeiro ano de namoro você não beijar nenhuma vez (e isso não é uma dica), mas conseguir conversar todos os dias ao menos por duas horas, você vai alcançar um nível de intimidade muito maior que o de casais que se encontram todo dia pra se beijar e depois se despedem.
     Conhecer os interesses do outro, seus planos, seus sonhos, medos e traumas, te dá a oportunidade de compará-los aos seus e saber se essa união será igualitária. Se o namorado planeja ser missionário na Amazônia e a namorada quer ter um salão de beleza em Copacabana, alguém vai sair no prejuízo, e se ela planeja fazer um puxadinho na casa dos pais pra não pagar aluguel e ele planeja fazer um pós-doutorado em Milão esse casal tem muito que conversar pra saber se realmente alguém está disposto a abrir mão de seus projetos.

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     Existe um tempo para tudo. "Há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu" (Eclesiastes 3:1).  Temos um Deus perfeito que sabe do que precisamos, antes que nós mesmos saibamos. A pessoa com quem você está pode não ser aquela com quem você começará uma família, aliás, pode ser que nem sequer seja essa sua vocação, mas Deus tem um plano para esse namoro, ele tem um objetivo na sua vida, então tire o máximo de proveito do tempo que puder passar com essa pessoa, deixe que ela faça parte da sua vida, e no momento certo Deus te mostrará se ela será uma presença ou uma lembrança. Essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos