terça-feira, 28 de abril de 2015

Geração Fast-food

     O mundo moderno pede velocidade, velocidade na locomoção, na alimentação, na troca de informações e até nos relacionamentos humanos, não temos um minuto a perder, pos o mundo inteiro pode mudar em um minuto, nessa febre de não perder nada, acabamos perdendo coisas das quais não nos damos conta.
     Somos a geração "fast-food", queremos praticidade, queremos ter o mundo na palma de nossas mãos, queremos conhecer o mundo inteiro pela janela do computador, mas esquecemos de buscar a qualidade, de dar a mão para quem caminha ao nosso lado e nem sequer olhamos pela janela do nosso próprio quarto. Temos a medicina cada vez mais avançada e crianças cada vez mais doentes pos, sem contato com a natureza, o nosso organismo não cria os anticorpos necessários e não pode se dar aos luxos que eram comuns aos nossos avós como andar descalço na lama, comer fruta direto do pé e beber água do poço. Temos a tecnologia mais avançada até nos brinquedos e crianças com cada vez menos capacidade de pensar fora da caixa, de criar e de imaginar. Temos um conhecimento maior sobre nossos corpos, desenvolvemos novos esportes e novas formas de nos exercitar, mas estamos cada vez mais obesos, cardíacos e hipertensos.
     Chegamos a um novo patamar da filosofia, iluminados pelas ideologias de liberdade, igualdade e fraternidade, mas nos encontramos em contatos cada vez mais superficiais uns com os outros. Somos estranhos morando dentro de nossas próprias casas, mas dividimos nossos pensamentos mais íntimos com o mundo através das redes sociais. Não conhecemos nossos vizinhos, mas sabemos o que aquela estrela de cinema que mora em outro continente comeu no café da manhã. Estamos ganhando dinheiro de formas que não eram possíveis antes, e gastando dinheiro em coisas com cada vez menos sentido. O Homem da Idade Média temia a existência de dragões e outras feras, o Homem moderno teme o fim do mês, teme o desemprego e a falha na rede. Os jovens já temeram uma convocação para o exército, mas hoje o que eles temem é um compromisso estável. Preferem regredir à pré-história e viver de galho em galho.Não sabem mais concertar o que está quebrado, preferem trocar.
     A raça humana buscava compreender Deus, seus caminhos, projetos, seu amor. Depois de alguns anos de silêncio nos convencemos de que ele não diria mais nada e que nós deveríamos nos virar com o que tínhamos, e assim como a vizinha que critica o amarelado das roupas no varal sem lembrar de limpar as próprias janelas, esquecemos de tirar a cera de nossos ouvidos para escutarmos a voz que nos grita a cada instante. Essa geração é capaz de grandes coisas, mas nenhuma irá preencher seu interior como as pequenas, as pequenas contemplações, as pequenas descobertas, como os pequenos momentos e a pequena fração de segundos de um sorriso que fazem as 24 horas do dia valerem apena.
     Espero que algo do que foi escrito aqui tenha feito sentido para você, mas caso não tenha, não se preocupe, eu te invejo, e esse emaranhado de idéias soltas nada mais é que a Minha Humilde Opinião sobre a nossa geração.

Ass: Bruno Santos

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Preconceito, o medo do diferente


     O seres humanos são constantemente rotulados, seja pela forma de se vestir, pelo lugar onde moram, pelo tipo de música que ouvem, pelo programa de TV que assiste ou pelo simples fato de assistir ou não TV.
     O motivo para isso é que existe na mente de cada Homem uma ideia pré-definida sobre aquilo que é normal. Fazendo com que tudo que se oponha ou diferencie daquela ideia seja tido como ruim, reprovável ou só estranho. As razões podem ser muitas, cultura, religião, nível social, nível de instrução, preferências pessoais, etc. Seja qual for o motivo, essas diferenças separam as pessoas em grupos, grupos que acreditam que são melhores, mais desenvolvidos, fortes, maduros, abençoados e várias outras coisas a mais que os membros dos outros grupos, em alguns casos relativamente simples, essas diferenças criam grandes obstáculos e em certas circunstâncias até ocasionam guerras.
     Na verdade, o que se passa é o que já dizia a consagrada frase, "O homem teme tudo aquilo que não conhece". De certa forma, por algum tempo, esse sentimento manteve a espécie viva, o nosso medo é um mecanismo de defesa natural de autopreservação, fez com que o homo sapiens entendessem quais animais ao seu redor eram predadores, quais eram presas e quais eram domesticaveis, nos ajudando a evoluir e ampliar território. Mas hoje, esse medo do desconhecido apenas nos torna mais selvagens. Pertencemos todos a mesma raça, a raça humana, mesmo que cada um carregue suas peculiaridades, não deveria existir espaço para outro sentimento que não fosse o respeito.
     Ainda assim, a jovem de vestes curtas parada na esquina de madrugada tem sua imagem ligada a de uma prostituta, o jovem que ouve funk sem fones de ouvido no ônibus é rotulado de marginal, o pastor é visto como ladrão, o padre como pedófilo, o velho como um peso morto que apenas espera pela sua morte, mas não, não é assim, e nós sabemos, as coisas podem fujir de seu padrão, tornando um pré-julgamento de uma situação ou imagem, quase uma receita para o erro. Existem negros que fazem esgrima, brancos que fazem rap, mulheres que trabalham em oficinas mecânicas e homens que trabalham de babás, idosos que participam de maratonas e crianças que tem problemas cardiacos.
     Julgar uma pessoa apenas com um rápido vislumbre de sua aparência é tão errônio quanto julgar um livro pela capa. O ser humano está em constante construção. Ele tem a capacidade de mudar seus caminhos, suas escolhas e hábitos. Sendo assim, não podem ser definidos em sua totalidade por uma única característica, muito menos uma física. Mas essa, vocês já sabem, é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

O Chefe

     Todos os dias nos deparamos com figuras que exercem um determinado papel na forma como a nossa sociedade se organiza. Algumas são amadas, frutos de esteriótipos criados pela mídia que decide quem é o mocinho e quem é o bandido, algumas são desprezadas (apesar de sua importância) e algumas são odiadas. Um bom representante deste último grupo é o chefe.
     Essa figura está presente em praticamente todas as instituições que tomam para sí uma estrutura hierárquica tradicional. Surgido durante a Primeira Revolução Industrial, esse personagem era responsável por manter acelerado o ritmo de trabalho dos artesãos, que agora não mais trabalhavam no conforto de suas casas administrando seu próprio tempo, mas em grandes prédios e galpões onde deveriam produzir garantindo os lucros do patrão.
     De uma forma mais romântica,  hoje ele recebe a responsabilidade de estar a frente de uma equipe, supervisionando seus processos e gerindo os mesmos, o que pode ser considerado a mesma coisa de antes. É uma figura bem familiar, já que em algum momento da vida todos são submetidos a liderança de alguém, que também é liderado por um outro alguém e assim sucessivamente. Entretanto, a figura do chefe não deve ser confundida com a figura do líder, apesar de muitas vezes realizarem a mesma função prática em uma cadeia organizacional. Ideologias divergentes podem por entre esses dois um verdadeiro abismo.
     Hoje em dia nas empresas privadas existem profissionais altamente qualificados para atuar nas áreas administrativas, organizacionais, jurídicas e de suporte, mas que são praticamente incapazes de se relacionarem com seus subordinados por não conseguirem debater idéias ou discutir pontos de vista diferentes dos seus. Um líder não precisa ser amado por todos, mas precisa ser respeitado por todos, independente de sua área específica de atuação, se ele for do escritório ou do chão de fábrica, deve ter seu valor reconhecido no andamento do bom funcionamento daquela equipe. Deve ser um exemplo, mas sem precisar lembrar a todos a sua teajetória de vida em cada conversa, afinal, muitos grandes líderes da atualidade começaram sua trajetória profissional como office boy, camelô, faxineiro, mas ninguém precisa ouvir isso a cada entrevista que eles prestam. Um colaborador não quer saber se seu encarregado vendeu tampa de privada ou se ele teve que pagar para trabalhar, o que ele quer é orientação para suas tarefas e recursos  para executá-las.
     O venerável São Beda, Santo da Igreja Católica conhecido principalmente por seu relevante trabalho como historiador, possui uma frase na qual dá a receita para o fracasso: "Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que se ignora". Essa mesma frase, por outro lado, mostra a receita para o sucesso e como identificar um bom líder:

Ensinar o que se sabe.

     Um bom profissional não tem medo de perder seu emprego para um funcionário novo na empresa, pois sabe seu valor e o prova constantemente, sendo assim, não se sente ameaçado diante dos novos membros da equipe, pelo contrário, vê neles uma oportunidade de que seu bom trabalho tenha uma continuidade após uma possível promoção ou simplesmente entende que mais um funcionário capacitado ao seu lado não é um obstáculo e sim um reforço. Entretanto, é importante ressaltar que a autonomia deve ter limites ou o funcionário começa a executar tarefas que não são de sua responsabilidade e sim do chefe, o que pode causar impasses, afinal, para que serve um chefe se ele não tem uma função específica? O que pensa o funcionário sobre um encarregado que nada faz além de lhe delegar tarefas?

Praticar o que ensina.

     As palavras convencem, mas o exemplo arrasta. Um líder que não pratica aquilo que exige de seus liderados está fadado a perder o respeito da equipe. Pedir pontualidade chegando atrasado todos os dias, pedir economia dos recursos do setor e depois usar os mesmos para os trabalhos da faculdade e proibir o uso do celular durante o expediente quando se é um usuário constante são atitudes tão desconexas quanto cobrar resultados de dentro de uma sala climatizada enquanto os funcionários padecem em trabalhos braçais sob altas temperaturas ou dar conselhos financeiros a torto e a direito estando chafurdado em dívidas. Seja aquilo que você espera dos outros.

Perguntar o que se ignora.

     O orgulho é o grande inimigo de um líder, ele o impede de crescer. A humildade de reconhecer sua ignorância é o primeiro passo para o conhecimento e o melhor professor é o que constantemente se faz aluno. A vivência prática pode dar um banho de sabedoria em universitários e pós-graduados, portanto escute, não imponha sua opinião como verdade absoluta, aprenda algo novo todos os dias e assim, nenhum dia será em vão.

     O bom relacionamento entre líderes e liderados é o caminho mais curto para o sucesso de ambos, o diálogo, entre a parte executante e a parte planejante, é tão essencial quanto a comunicação entre o cérebro e os músculos, entretanto com a diferença desses últimos não terem a possibilidade de se separarem já que integram um único ser, enquanto chefe e subordinado representam seres distintos, cada um com sua história de vida, preferências e características pessoais que podem levá-los a não se relacionarem fora do âmbito empresarial, o que não precisa ser tido como algo negativo ou prejudicial. O respeito mútuo é a chave para o sucesso de qualquer relação humana e será suficiente enquanto tiver seus parâmetros básicos respeitados, mas como sempre, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Beda