sábado, 29 de agosto de 2015

A Caixa do Nada

     Há cerca de 16 anos minha mãe me levou para um exame de audiometria, porque segundo as reclamações dela, eram frequentes as vezes em que ela me chamava mais de uma vez sem que eu expressasse qualquer tipo de reação. Normalmente ela escolhia me chamar na hora dos desenhos na TV.
     Na ocasião do exame fui instruído a tocar os fones em meus ouvidos cada vez que escutasse um som, eu escutei todos os sons e inclusive o que falavam com minha mãe do outro lado do vidro, mas achei que seria uma boa ideia disfarçar e fingir não escutar alguns, assim minha mãe não acharia que me levou ao médico à toa e teria uma explicação para o que a incomodava. Felizmente eu disfarçava mal e não fiz nenhum tipo de tratamento desnecessário para o problema de audição que eu nunca tive. Entretanto o martírio da minha mãe continuou, ela gritava meu nome três, às vezes cinco vezes dentro de casa sem que eu nem sequer piscasse. Com o tempo, cheguei à conclusão de que eu era distraído.
     Hoje, sei que a resposta era bem mais simples, eu sou HOMEM. A mente do homem se assemelha a uma planilha de excel ou um gráfico, ela tem divisões catalogadas por assuntos, o que o torna simples de entender, mas não facilita muito a convivência com as mulheres. A hora de ver desenhos é a hora de ver desenhos, nesse momento o mundo ao redor deixa de existir, não importa se a casa está pegando fogo ou sendo inundada. Quando ele está com fome ele procura o que comer, come e vai para a próxima atividade, quando ele está com sono ele arruma a cama e se deita, UMA coisa de cada vez e cada coisa em sua hora.
     As mulheres têm dificuldade de compreender essa "limitação" masculina pois suas mentes lembram uma imagem de "Onde está Wally" ou um quebra-cabeças onde todas as peças se encaixam. Essa característica se reflete principalmente na forma como as mulheres se comunicam, elas podem estar falando sobre abacate, daí no meio da frase exclamarem um "falando nisso", e começarem a falar sobre cães, outra mulher vai apenas seguir o fluxo do assunto, um homem vai entrar em curto, pois para ele os dois assuntos não possuem ligação alguma, eles estão em abas completamente alheias da planilha, essa aleatoriedade nos faz perder o chão. Ao contrário dos homens as mulheres são multifacetadas, elas acordam com fome, mas enquanto preparam o café da manhã colocam o feijão na pressão, lavam roupa e varrem o quintal, quando ela fica com sono ela vai de cômodo em cômodo da casa verificando se tem algo errado, se a porta da frente está bem trancada, se tem um pano debaixo da porta impedindo os bichos de entrarem, se a comida está na geladeira e se tudo que vão precisar no dia seguinte já está perfeitamente arrumado, daí quando elas finalmente se deitam, não conseguem dormir com o sentimento de terem esquecido algo. Mentes complexas.
      O Pr. Claudio Duarte compara essas subdivisões do cérebro do homem com caixas e chama atenção para uma em especial, onde os homens costumam investir bastante tempo: "a caixa do nada". Esse é o lugar para onde a mente dos homens vai quando eles não estão pensando em nada. Se você não for homem não vai entender muito bem, mas quando você estiver falando com um homem e perceber que ele está imóvel, com o olhar vidrado em um ponto fixo e conseguir tirá-lo desse estado de transe perguntando "o que você está pensando" e ele responder, "nada", você já sabe onde ele estava. Muitas mulheres se preocupam com isso, pois no vocabulário feminino o "nada", significa: "algo que você vai descobrir na hora certa", "algo que você deveria saber", " algo que você vai se arrepender se perguntar de novo", enfim, "nada" é "algo". Mas, quando um homem diz "nada", ele REALMENTE quer dizer "nada". No máximo um "nada verdadeiramente relevante".
     Como eu disse anteriormente, a mente dos homens é como uma planilha de excel, só que o Windows é 96 e o processador não é dos melhores, então a caixa do nada é como uma área de transferência, um local onde as idéias se organizam quando existe uma brecha de tempo ou enquanto outra atividade mais simples está sendo exercida, tal como ver TV. O momento de fazer o n° 2 é um convite à caixa do nada, dirigir (seja um avião ou bicicleta), lavar louça, etc. Não recomendo entrar lá enquanto estiver cozinhando ou cortando o cabelo, já tive experiências desagradáveis nessas situações. O motivo pelo qual as mulheres nos acham retardados por ficarmos vários minutos olhando para o nada é que quando elas precisam organizar as idéias, elas falam. Falam com a mãe, com a tia, com as amigas, com as vizinhas, com estranhos, em casos mais extremos podem até falar sozinhas. Não importa, elas precisam despejar todo aquele fluxo mental que nós apenas observamos como fiscais da Matrix.
     Já ouvi muitos homens dizendo que não conseguem compreender as mulheres, e vice versa. Digo que não compreendo como a gravidade sempre puxa as coisas para baixo, mas isso nunca me impediu de cair ou de ficar preso ao chão. Eu sugiro que usem a mesma lógica dos jogos de videogame: não busque entender seu "adversário", apenas observe os padrões de comportamento e se adapte a situação para passar de nível. Depois de alguma convivência entre o casal, um sabe o que irrita ou alegra o outro, sabe identificar o significado de cada olhar ou som emitido e assim como nos jogos, aprende quando deve recuar, esperar ou avançar. Obviamente, os homens jogam no nível hard, que tem uma chefona chamada TPM, todo mês, um período no qual nem as próprias mulheres são capazes de prever seus movimentos, mas nós sobrevivemos com os macetes certos.
     Homens e mulheres são muito diferentes e essas diferenças tornam o convívio entre ambos um tanto quanto complexo. É necessário usar de alteridade para que esse relacionamento seja aprazível. Mas se eu e você estamos aqui hoje é porque a união entre esses dois opostos é perfeitamente possível e pode, inclusive, dar bons frutos. Mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Links relacionados:

Pastor Cláudio Duarte - O Homem e a caixa do nada (http://m.youtube.com/watch?v=y_--xIGflt8)

4 comentários:

  1. Oi Bruno, que bom receber sua visita!
    Então, quando escrevi aquele post foi porque me lembrei da palestra do Pastor Claudio Duarte, mas você colocou as coisas de uma maneira bem mais esclarecedora, o que me fez ficar com mais inveja ainda dos homens, rss... Brincadeira.
    E foi muito bacana vc exemplificar contando um episódio de quando era criança, vai ajudar muitas mães a entender seus filhinhos "desligados", que muitas vezes são chamados até de autistas.
    Parabéns pelo blog. Gostei muito.
    Um grande abraço.

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    1. Obrigado, encontrei o seu blog quando pesquisava para esse texto, vou voltar lá de vez em quando para ver no que você anda se interessando.

      Obrigado pela visita :)

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Estou aberto a criticas construtivas e informações novas (ou não) que queiram dividir. Mas, lembre que mesmo na internet somos responsáveis pelo que falamos.