sábado, 15 de agosto de 2015

Preconceito vestuário.

     -Mulher jovem usando terninho azul marinho com aparência de uniforme, cabelo preso em um rabo de cavalo e bolsa de tamanho médio, saindo da estação das barcas: recepcionista que trabalho no Rio.
     -Moça com saia longa e estampa indiana, camiseta preta lisa, enorme bolsa de pano, cabelos secos e com bastante frizz, três dreadlocks pendendo na parte de trás, passando em frente as barcas e indo para a direita: estudante da área de humanas da UFF a caminho do terminal.
     -Adolescente com boné de aba reta, camisa pólo listrada, bermuda tactel e sandália Kenner indo na direção do terminal: está indo para São Gonçalo.
     -Casal. Ambos bem vestidos, de mãos dadas conversando animadamente. As 19h, passando em frente ao bicicletário das barcas no sentido BayMarket: saíram do trabalho e se encontraram para irem ao cinema.
     -Homem adulto, barba mal feita e roupas sujas, sentado no chão ao lado de um pedaço de tecido cheio de peças de artesanato. A quinze metros de distância percebo que ele aborda os transeuntes que passam os olhos pelo tecido ou qualquer um que passe a menos de três metros. Contornar para passar a sete metros.
     Bem, agora você sabe o que acontece na minha cabeça enquanto eu estou andando na rua, ou ao menos tem uma ideia. As coisas são mais rápidas, a resposta precisa ser imediata. São pessoas distribuindo panfletos, fazendo pesquisas, oferecendo cursos, vendendo doces, conversando distraídas carregando bolsas enormes, tem os tipos suspeitos e os que ME olham como se eu fosse um tipo suspeito. Tudo exige atenção.
      Sou um tanto quanto metódico analisando as pessoas, chamam isso de pré-conceito, mas todos nós fazemos suposições diante de algumas circunstâncias e como todos, as vezes acerto, mas as vezes erro feio. Normalmente os erros são culpa da falta de senso das pessoas. Quando você vê um jovem com uniforme escolar imagina que ele está indo ou voltando do colégio, é um pensamento lógico. Quando você vê alguém passando com um capacete próprio para motocicletas na mão, você imagina que essa pessoa tem uma moto, nada de estranho nisso. Ver alguém passando com um violão na mão confere automaticamente a pessoa o título de músico, e com o resto da roupa identificamos o estilo musical do mesmo, se é pagode, roque ou gospel. Bem, já ví jovens uniformizados curtindo uma praia em horário escolar, já ví uma moça pegar ônibus com um capacete de moto debaixo do braço e eu mesmo já andei por ai com um violão debaixo do braço sem saber tocar nem uma unica nota. Ou seja, nem todo pré-conceito se autocumpre. E como já dito anteriormente: as vezes eu erro feio!
     Ultimamente quem mais tem me feito errar são as mulheres que usam roupa de ginástica, EM QUALQUER LUGAR. Confesso que isso me irrita um pouco, vou no supermercado, tem mulher com roupa de malhar, passo por uma faculdade de direito, tem mulher com roupa de malhar, vou no cinema... acho que deu pra entender. Tudo na vida tem uma hora e local apropriado, nisso, se enclui a escolha dos tipos de roupas que se veste para determinadas ocasiões. Não se deve ir para a igreja com roupas decotadas ou transparentes, isso tira o foco do centro da celebração e pode levar outros a pecar, não se vai para a praia de terno e gravata e nem de bermuda tactel para um casamento.
     A forma como uma pessoa se veste não define a natureza dela, mas reflete o tipo de escolhas que ela fez na vida, vivemos tempos complexos, mais do que nunca, não sabemos quem é quem de verdade, suas roupas podem ser o único recurso que alguém vai ter a disposição para decidir te ajudar ou não, te pedir ajuda ou não, querer estar contigo ou não. Sei que parece hipocrisia se vestir pensando no que os outros vão pensar, mas se o que os outros pensam não fosse um problema poderíamos todos andar nús, os índios fizeram isso por centenas de anos e não tiveram problemas com isso, mas os portugueses tinham! Os outros ditam muitas regras em nossa vida, mesmo que não percebamos. Se você se sente confortável da forma como se veste, se as pessoas que te vêem tem uma noção real daquilo que você é, então você está bem vestido(a), mas isso é apenas a Minha Humilde Opinião.

ASS: Bruno Santos

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