domingo, 4 de dezembro de 2016

Sentença de Morte.


     Nesta semana, quem achava que 2016 já estava sendo um ano sombrio, foi surpreendido mais uma vez! Tivemos um acidente aéreo terrível que levou várias pessoas queridas. Tivemos repressões, perseguições e até assassinato de manifestantes que foram até Brasília protestar contra a aprovação da "PECalipse"(PEC241 ou 55/2016), MESMO QUE A MÍDIA NÃO MOSTRE ISSO, FAZENDO PARECER QUE TUDO QUE HOUVE FOI UM PUNHADO DE BADERNEIROS DESTRUINDO PATRIMÔNIO PÚBLICO. Tivemos a aprovação da PL4850/2016, um pacote de medidas que limita o poder do Ministério Público e dos Juízes, ou seja, ajuda quem está devendo ao povo a não ser punido. E para manter o cheiro de sangue no ar, o STF abriu um precedente que descriminaliza o aborto até o terceiro mês de gestação. Neste texto, manterei o foco sobre este último fato, mesmo achando que ele esteja sendo usado para desviar a atenção daquilo que REALMENTE aconteceu em Brasília.

     Todos os anos, milhares de brasileiras morrem em clínicas clandestinas de aborto, mais um dado que a mídia não divulga, seja por desinteresse ou por motivos políticos, o fato é que isso acontece e é uma questão de saúde pública. Acredito que já tenha ficado bem claro que eu sou contra o aborto, e sim, eu tenho um embasamento religioso para isso, mas aqui eu não vou falar sobre pecado, eu vou falar sobre direitos.
Direitos da criança, direito à vida. Sobre os direitos que "nós" temos sobre vidas que não são nossas. Sobre dor e arrependimento.

     Ser religioso, certamente, já me desqualificaria para falar sobre esse assunto - segundo algumas pessoas - e ser homem é um atenuante, mas já tendo sido eu um feto de três meses de gestação, como tantos estão compartilhando nas redes sociais, me sinto respaldado para tal. Não quero falar sobre métodos contraceptivos - já que todos são passíveis de erro - com excessão da castidade, não quero julgar ou afrontar quem discorda de mim, tudo o que eu quero é que o feto seja compreendido como uma vida e que essa vida seja preservada. Assim como  são os ovos de tartarugas, enterrados em praias que se tornam protegidas por leis.

     Lendo os argumentos de algumas pessoas, encontrei quem dissesse que várias dessas crianças nasceriam apenas para aumentar as estatísticas da pobreza no país e que já que não teriam as condições mínimas para sobreviver, o aborto seria muito mais coerente. Fico triste por entender nesse pensamento a ideia de que a vida não vale a pena sem "posses". Que se você não tem como se sustentar, sua vida é um desperdício. Isso me deixa triste porque, através desse pensamento, aquele homem que perdeu o emprego e pulou de um prédio, após matar os dois filhos, fica justificado. Isso faz parecer que ele estava certo e me dá arrepios.

     Sabe o que mais me dá arrepios? Saber que existe uma indústria ansiosa pela aprovação dessa lei e não é a de clínicas de abortos legais. Essa indústria deseja arrecadar fetos e vendê-los no mercado negro, ou você ainda não entendeu que eles estão cheios de células-tronco? Sim, vão vender fetos da mesma forma como vendem órgãos, chegando ao ponto de deixarem de tratar um paciente para acelerar os lucros.

     A frase mais emblemática do movimento pró-aborto é " Meu corpo. Minhas regras". Acho essa frase válida em outros contextos, mas certamente não neste. Um feto já não é mais o corpo da mulher, ele é um outro corpo, em formação dentro do corpo dela. Aceitar que ele seja retirado cirurgicamente - antes de se desenvolver - equipara essa criança a um tumor ou cisto.

     Há alguns anos, visitei a *Fundação Pestalozzi* e conheci algumas mães de crianças com dificuldades psicomotoras, paralisias e tantas outras deficiências. Mães que em sua maioria sabiam que essas crianças nasceriam assim desde o pré-natal. Mães que foram abandonadas por seus companheiros que não queriam assumir a responsabilidade. Porém, mães que nunca, nem por um instante, se arrependeram de sua decisão.

     Mães que se apaixonaram por suas crianças, no primeiro momento em que as viram, mesmo que tenha sido através do vidro de uma incubadora. Mães que agora vibram a cada novo avanço que percebem. Mães que não fariam nada diferente, mesmo que agora vivam uma dedicação total aos seus filhos, muitas vezes não tendo tempo nem sequer para pentear os próprios cabelos.

     Quero falar também sobre as mães de anjos, mulheres que se prepararam para receber uma vida, que por algum motivo não chegou. Assim como aquelas que propositalmente interromperam uma gestação e hoje convivem com o eterno fantasma do "Como teria sido...". Como seria o rostinho dele, como seria sentir seu cheiro ou ouvir o som de seu choro? Essas mulheres são mães e elas sabem disso.

     Muitas mulheres pobres morrem nas clínicas clandestinas de aborto e sim, isso é horrível, mas o resultado de um aborto SEMPRE é uma morte e isso também. O que foi aprovado pelo colegiado do STF foi uma jurisprudência, não significa que o aborto esteja legalizado, quer dizer apenas que será mais difícil prender alguém por isso. Ainda assim, esse é um passo, e nós precisamos discutir esse assunto, esclarecer quais são as alternativas e tentar mostrar que a criança não pode ser sentenciada a morte sem ter cometido nenhum crime. Mas, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Fontes:

VICENTE, Izabella. ABORTO. Disponível em https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1201240853287820&id=100002057514384, acessado em 01/12/2016.

CYMBALUK, Fernando. Decisão do STF Legaliza o Aborto Até o Terceiro Mês de Gravidez? Disponível em http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2016/11/30/decisao-do-stf-legaliza-o-aborto-ate-o-terceiro-mes-da-gravidez-entenda.htm. Acessado em 01/12/2016

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Prioridades

     Há alguns anos, eu participei de um treinamento de primeiros socorros. Naquela ocasião, eu me empolguei bastante com o curso, mas infelizmente, hoje em dia não recordo muito do conhecimento que adquiri, salvo algumas informações que certamente nunca vou esquecer. "Procedimentos-padrão", que não são facilmente alterados com o tempo como alguns outros já foram.
     Por exemplo, antigamente era comum examinar pessoas acidentadas sem o uso de nenhum tipo de equipamento de proteção, atualmente isso não é recomendado. Não se deve prestar socorro a ninguém sem, no mínimo, o uso de luvas e máscara. Houve também um tempo em que qualquer estranho poderia receber ou realizar uma respiração boca a boca. Com o tempo, verificou-se o quanto essa prática era perigosa e, por isso, foi abolida. 
     Entretanto, existem procedimentos que permanecem inalterados, como por exemplo, o atendimento prioritário às vítimas inconscientes em um acidente.  Pode parecer uma atitude difícil se a vítima consciente estiver gritando de dor ou com uma fratura exposta, mas esse é o procedimento correto, levando em conta que em situações extremas o corpo humano pode apagar para poupar energia. A vítima inconsciente não pode dizer o que está sentindo, sendo assim, examiná-la antes de examinar quem está berrando todos os seus sintomas pode ser a diferença entre a vida e a morte daquele indivíduo.
     Da mesma forma, é um procedimento-padrão atender primeiro as vítimas em estado grave e depois as que estão em estado menos grave. Nunca pensei que uma questão como essa poderia se tornar tabu algum dia. Me deparo com essa cena cada vez que compareço à emergência do SUS. Graças a Deus nunca fui classificado com estado grave. E acredito que um pai que aparece na emergência com o filho que acaba de cair da lage enquanto soltava pipa, não queira ficar na fila atrás de uma senhora que acordou com dor de cabeça.
     Felizmente, o tabu é entre pessoas comuns e não entre quem realmente pode ter uma vida nas mãos. É entre donas de casa e universitários, apresentadores de TV e youtubers, cantores e atores.. Eu ficaria preocupado se ouvisse um cirurgião dizendo que se nega a atender alguém por sua classe social ou "profissão". Não que, diariamente, pessoas de bem já não morram nas filas esperando atendimento, mas saber que isso foi intencional por parte do médico seria assustador. Que ele estava lá, mas ESCOLHEU não atender o paciente. Afinal, essas pessoas fizeram juramentos, cinco anos de faculdade, promessas sobre salvar vidas para no final das contas deixar alguém morrer de propósito?
     Que possamos ter em mente que a vida é o mais importante, que sua preservação deve ser a principal preocupação e que deixemos os julgamentos e punições nas mão de quem se preparou por anos para essa função: o Batman. Mas, essa é apenas a Minha Humilde Opinião. Que sejamos livres de todo preconceito, toda a bala perdida e que Deus nos proteja.

Ass: Bruno Santos

#SaudadesTVGlobinho"

A Benção Madrinha

     Na última quinta-feira, enquanto andava pela rua, avistei uma senhora, com o rosto conhecido da Igreja, que vinha conversando com outra mulher. A cumprimentei e segui meu caminho, entretanto não pude deixar de ouvir quando a acompanhante da mesma, continuando a conversa, fez o seguinte comentário:
    - A Igreja Católica está cheia de palhaçada pra batizar agora! - ao que a senhora de rosto conhecido respondeu: - É verdade.
     Sinceramente, essa situação me incomodou bastante. Por ela estar falando mal da igreja? Não! Por ter chegado a conclusão que mais uma criança seria batizada por pais que não compreendem a importância desse sacramento ou dos padrinhos.
Essa figura tem sido distorcida por nossa cultura materialista e se tornado uma simples máquina de dar presentes e mimos, quando deveria ter um sentido bem mais profundo.
     Nos contos infantis, as "fadas madrinhas" aparecem para seus afilhados em momentos de apuros e lhes oferecem suções mágicas, mesmo que os afilhados ne sequer soubessem de sua existência até poucos minutos. Tenho em São Paulo a figura do primeiro padrinho dentro da igreja católica e vejo o cuidado dele com as comunidades por onde passou o equivalente ao que espero dis padrinhos de meus filhos.
     A principal função dos padrinhos é auxiliar os pais na formação cristã dos afilhados ou até substituí-los nessa função em caso de ausência e/ ou omissão dos mesmos. Sendo assim, antes de ter uma boa relação com os pais ou uma boa condição financeira, o padrinho escolhido deve ter uma relação de intimidade com Deus. Ser um exemplo de vida. Como exemplo, digo que o padrinho deve  seguir aquilo que a Igreja indica a seus fiéis e estar em dia com seus sacramentos.
     Isso inclui ser crismado, viver a castidade (sendo solteiro ou casado, mas principalmente sendo casado) e não viver uma situação que o impeça de comungar.
Uma outra característica importante dos padrinhos é a participação ativa na vida do batizando, afinal, lembrar dos afilhados apenas no natal e no aniversário fere seu verdadeiro objetivo. Um padrinho presente é um ombro amigo, que conhece o afilhado tanto quanto os próprios pais, mas pode dar uma visão externa dos acontecimentos.
     Um padrinho que vive longe dos afilhados nada mais é que um "parente" distante, uma lembrança vaga. Os padrinhos devem ser aqueles que levam as crianças na missa quando os pais não podem, que inscrevem as crianças na catequese quando os pais nem sequer sabem que as inscrições estão abertas, que perguntam: "Você já rezou o terço hoje?" quando a criança chega na sua casa e está pronto para dizer: "Então vamos rezar juntos!" ao receber uma resposta negativa.
     Entendo que alguns pais tenham a intenção de eleger amigos como padrinhos de seus filhos, promovendo-os dessa forma à cumpadre ou cumadre, estreitando os vínculos de amizade, mas os parâmetros para ser amigo e padrinho são diferentes. Você pode fazer um amigo na fila do cinema, no banco de um ônibus, na internet, em uma mesa de bar e até em um show. Já um padrinho deve ser escolhido dentro da Igreja.
     Você pode ter amigos dos mais variados tipos, pode colocar todos dentro da sua casa para conviverem com o seu filho e ensiná-lo a respeitar todos, mas o padrinho dele tem que se encaixar naquilo que a Igreja pede, para que no dia em que a sua postura ou suas companhias estiverem prejudicando a criança exista uma referência para apontar onde está o erro. Mas essa, é apenas a Minha Humilde Opinião.

As: Bruno Santos

sábado, 8 de outubro de 2016

Tia de Quem?

     Os pronomes de tratamento são expressões de reverência, títulos honoríficos, nomes que constituem formas corteses de se referir a alguém. Tais aspectos estão condicionados ao grau de intimidade que estabelecemos com as pessoas e, dependendo da posição hierárquica que ocupam, necessitam da devida adequação.
     Empregamos os termos senhor e senhora, por exemplo, a pessoas de mais idade, experiência, conhecimento ou que simplesmente ocupam um papel hierarquicamente superior ao nosso. Chamamos de doutores (as vezes de forma equivocada, pois naturalizada) médicos e advogados, ressaltando que aquela pessoa tem um alto grau de conhecimento sobre a sua área de atuação. Seguindo esta lógica, eu pergunto: a que tipo de pessoas empregamos o pronome Tia(o)?
    Não entendeu a pergunta? Compreensível. Afinal, tia e tio são relações familiares, mas isso não nos impede de usar esse "pronome" com a "tia" da limpeza, com o "tio" da xerox, com a "tia" da cantina, mesmo que eles não façam parte da nossa família. Já parou para pensar que esse termo possui um caráter minimizador?
     Pessoas que recebem este título de membros honorários da família costumam ocupar cargos socialmente desvalorizados, vistos como subalternos. São pessoas com baixo grau de instrução que passaram a vida lutando pelo pão de cada dia e em grande parte das vezes não tiveram oportunidades de crescimento profissional. A familiarização tem o objetivo de diminuir a carga negativa de chamar uma senhora de 56 anos pelo nome de seu cargo, seja o de copeira, auxiliar de serviços gerais ou merendeira, por exemplo. Esse "constrangimento" pode ser comparado ao que leva alguém a chamar uma negra de moreninha, como se ser negra fosse algo que precisa ser minimizado.
       Ter um trabalho digno é honroso, não é motivo para vergonha ou constrangimento de ninguém, nem de quem chama e nem de quem é chamado. Se chamar profissionais por esse título não tivesse uma intencionalidade e fosse algo, de fato, normal você usaria ele com os "doutores" médicos e advogados, com os líderes religiosos e quem sabe com o seu próprio chefe. Seria adequado? Os Tios e Tias que encontramos diariamente possuem identidade própria, possuem um nome e o mais adequado seria tratá-los através deste. Um "seu" ou "dona" de vez enquanto não faz mal também.
    Para aqueles que ao longo desse texto se lembraram de todas as professoras que tiveram ao longo da infância e que chamaram ou ainda chamam de tia eu gostaria de dizer que esse termo foi atribuído a elas de forma mal intencionada em uma sociedade machista que via a docência como uma extensão do trabalho - antigamente visto como natural - da mulher que era educar os seus próprios filhos e para isso transformou a profissional da educação em uma outra mãe para os filhos de todos: Uma tia.
     Segundo Paulo Freire, essa forma de tratamento também tem o objetivo de minimizar o caráter político intrínseco a ao magistério. Até porque, professoras fazem greves. As boas tias, não. Professoras lutam por seus direitos, subvertem o sistema. As boas tias, não.
     Finalizando, lembro que os funcionários que chamamos de tios em sua maioria não se incomodam, já naturalizaram esse tratamento e talvez se sintam até acolhidos de verdade. O objetivo desse texto não é extirpar esse familiar do seu cotidiano,  é tão somente te levar a uma reflexão sobre um hábito tão enraizado que deixa de ser questionado, mas como tudo nesse blog, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Fontes:

SANTOS, Humberto C. Professora não é tia: Professora é educadora. In Revista Estação Científica - Juiz de Fora - N° 13, Janeiro a Junho/2015

Pronomes de Tratamento.
 <http://m.portugues.uol.com.br/gramatica/pronomes-tratamento.html> Acesso em: 08/10/2016

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar. SP. Editora Olho D'água, 1997.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Marca Líder.


     No ramo da publicidade existe um conceito conhecido como Marca Líder. Chamam assim marcas que se tornam referência em um seguimento a ponto de terem seus nomes confundidos com o dos próprios produtos.

     É o caso do Nescau, que é como chamamos qualquer achocolatado em pó, seja ele da marca Toddy ou Chocopinho, do Bombril, que passou a ser um sinônimo de esponja de aço, da Gillette, que parece servir para qualquer lâmina de barbear e não esqueça do Cotonete que oficialmente se chama "haste pequena envolta em algodão". Na gramática essas substituições recebem o nome de metonímia.

     Há alguns séculos atrás, uma pessoa ou grupo de pessoas criou uma "marca líder" com indiscutível sucesso. O problema é que essa "marca" não se referia a um produto ou a um fabricante, se referia ao conceito de beleza. Pode ser que isso tenha acontecido apenas comigo, mas durante muitos anos da minha vida, ao ouvir a expressão MULHER BONITA a associação feita automaticamente era a imagem de uma mulher branca, com longos cabelos loiros e lisos, alta e magra, mas ainda com curvas.
   
     Eu não estou dizendo que nunca tinha visto uma mulher negra que considerasse bonita, o que quis dizer é que, sempre que uma mulher bonita era representada, fosse em um filme, livro, desenho animado, novela ou concurso de beleza, ela nunca era negra. Aliás, mesmo nos concursos internacionais de beleza, parecia que os negros só existiam no continente africano.

     Uma parte importante no processo de tornar uma marca " A Melhor" é fazer as outras parecerem piores do que realmente são e essa, sem dúvida foi a etapa mais bem sucedida do processo. Fizeram o cabelo crespo se tornar "cabelo ruim", a pele com maior taxa de melanina se tornou um sinônimo de sujeira, no sentido literal e moral, e o nariz achatado virou "nariz de batata". Até as curvas das negras passaram a ser vistas com volúpia pecaminosa.
   
     As vezes, subindo meu feed de notícias vejo postagens de pessoas que dizem ter vencido o preconceito porque tinham sobrepeso na infância e conseguiram emagrecer, porque eram muito magras e ganharam corpo com malhação ou porque se achavam feios e agora podem exibir o resultado de seus anos usando aparelhos ortodônticos, fazendo tratamentos de pele e novos penteados. Tenho que dizer a essas pessoas: Vocês não venceram o preconceito!

     Vocês aceitaram o preconceito, compraram o produto dele, tomaram o que ele disse como verdade e se adaptaram as suas vontades. Deixar de ser gordo não te faz vencer a gordofobia, só te faz deixar de ser uma vítima imediata dela. Acontece que um negro não pode deixar de ser negro, não importa quanto racismo ele sofra. Ter sua imagem depreciada mexerá com sua auto estima e ele tentará se enquadrar ao padrão de beleza socialmente estabelecido, alisando seus cabelos, mudando sua forma de falar, seu jeito de se vestir, suas companhias e na pior das hipóteses recorrendo a cirurgias plásticas. Mas, ele sempre será negro!

     Sendo assim, se ao contrário de outros oprimidos, os negros não possuem a opção de mudar determinadas características físicas, qual a solução para vencer o preconceito? Empoderar-se! Tomar conhecimento da própria beleza, da própria força e se libertar dos padrões pré-estabelecidos. Compreender que seu cabelo não bate na mãe, rouba ou mata, sendo assim não pode ser chamado de ruim. Que a cor da sua pele é linda e que seu nariz é perfeito do jeito que é.

     A partir do momento em que os negros deixam de querer ser brancos eles começam a consumir produtos diferentes, produtos que os representem.  Começam a ir a lugares, falar com pessoas e divulgam essas coisas. Isso cria um mercado, e consequentemente faz com que as grandes empresas lembrem que esse público existe e tem dinheiro para gastar. Dinheiro esse que eles querem muito receber. Porque o dinheiro não sofre racismo, ele é aceito independente de sua origem. É nesse momento que a verdadeira luta começa.

     Obviamente o movimento de auto-aceitação negra vem de gerações, com muita luta e algumas poucas conquistas, mas nos anos de 2015/2016 vimos algo inesperado. Nesse meio tempo Beyoncé fez os americanos lembrarem que ela é negra, Viola Davis ganhou um prêmio metendo o dedo na ferida em seu discurso sobre negros não poderem ganhar prêmios por papéis que não existem e a ausência de um negro na premiação do Oscar não passou desapercebida.

     Fatos relacionados, mas menos relevantes foram a escolha de um ator negro para interpretar o personagem L na adaptação norte-americana do anime Death Note, a peça teatral baseada no livro Harry Potter que contou com uma Hermione negra e a Marvel ter anunciado que uma jovem negra assumirá a armadura do Homem de Ferro em seus quadrinhos. Quis citar esses fatos aqui devido a repercussão nas redes sociais. Pessoas alegaram que os personagens haviam sido DESTRUÍDOS pelo simples fato da cor de sua pele ter sido alterada, mesmo levando em conta que essas mudanças não trariam nenhuma mudança significativa ao roteiro.

      O que concluir disso então? Nós incomodamos! Existem milhares de negros no mundo, mas quando este mundo é representado nós somos omitidos. Escondidos, como se devessem ter vergonha de nós. Sabe quando são chamadas pessoas negras para fazer a figuração da cena de um filme? Quando querem representar uma cena que se passa em um bairro pobre. Você pode me acusar de ser paranóico, eu também já me acusei disso, mas então usei meu olhar crítico. Tente fazer o mesmo:

     Olhe para a sua cidade, lembre das últimas cinco eleições, caso você tenha idade para isso, e me diga: quantos prefeitos negros vocês já tiveram? Algum? Ótimo! Não teve? Então quantos candidatos negros já tiveram? Lembrou de algum? Agora me diga, você acha que ter um negro em evidência, fazendo um bom trabalho é interessante para alguém além dos próprios negros? Talvez sim, mas por que abrir precedente?

   Os EUA, um país chamado de Primeiro Mundo, que se tornou independente bem antes de nós e que possui uma população negra tão grande quanto a nossa só teve Barack Obama em 2009. Quanto tempo levará para que um negro assuma a presidência em um país onde afrodescendentes parecem precisar de cotas até para aparecer em comerciais de TV? Um negro para cada cinco brancos, essa é a fórmula.

     Matematicamente falando, o fato de ter um apresentador de telejornal negro no meio de 15 brancos não é realmente relevante - na verdade é preocupante, visto que representamos 53% da população do país -  mas perceber que algo está mudando causa o sentimento de estranheza em quem sempre teve todos os papéis a sua disposição. Por isso a Maria Júlia Coutinho é atacada nas redes sociais. Por isso a imagem de uma jovem de jaleco com o texto "a casa grande pira quando a senzala vira médica" gera textos gigantescos de brancos jurando que "somos todos iguais".

     Hoje os negros possuem maior visibilidade,  somos grande parte dos membros de equipes esportivas, deixamos nossa marca na música, estamos mais frequentes nas universidades e em cargos públicos. Entretanto, ainda somos ínfimos nos cargos de liderança das empresas, desaparecemos nas estatísticas de professores universitários e entre os médicos e infelizmente depois de tanto tempo continuamos sendo a maioria na população das periferias, nos subempregos e nas penitenciárias.

     Ser visto, ser lembrado, ser notório, essa é a marca do negro, esse é o seu talento e é com essa marca que venceremos todos os preconceitos e imposições sociais. Assim mostraremos que também somos belos, capazes e virtuosos porque os privilégios deles podem ser históricos, mas a nossa luta também é.

Esta é a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos"

Fontes:

Discurso de Viola Davis.

Sim, Beyoncé é negra.

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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

A Procura da Felicidade

Qual a razão de você se declarar uma pessoa feliz hoje?

"Ter meu pai vivo para conhecer os netos."
Clarisse - 35 anos - Jornalista

"Ter conseguido meu carro e minha casa com meu próprio esforço."
Adriano - 29 anos - Advogado

"Ter mais um dia de vida."
Florindo - 93 anos - Aposentado

"Ter a Tati do meu lado."
Roberto - 17 anos - Estudante

"Meus 100.000 seguidores no YouTube."
Caio - 25 anos - Vloguer

"Não ser alérgica a chocolate."
Kamilla - 23 anos - Modelo

"Humm... Acho que tudo ué. É tudo bom. Menos jiló, jiló não é bom."
Ana - 3 anos - Princesa

"Meu filho tá na faculdade mermo tendo uma mãe analfabeta. Ele é um menino bom que me ajuda muito (lágrimas)"
Jurema - 41 anos - Doméstica

"Poder dar orgulho para a minha mãe depois de tudo que ela passou para que eu pudesse estudar. Saber que eu vou conseguir dar uma vida melhor para ela."
Julio - 19 anos - Universitário

    A felicidade é uma reação química que ocorre quando temos em nossa corrente sanguínea substâncias como Serotonina, Dopamina, Endorfinas e Oxitocina. Para algumas pessoas a comida certa libera esses estímulos, para outras TER comida já é suficiente. 
    Como disse um dia o Duque de Lévis: "Tudo é relativo, salvo o infinito". O que é felicidade para uns, não representa nada para outros e vice versa. Entretanto, existem situações que geram felicidade em quase todas as pessoas, como alcançar um objetivo ou ver seu esforço recompensado.
    É a busca por esse sentimento que impulsiona as pessoas a continuarem vivas. Pessoas sem objetivos, sem sonhos a alcançar se tornam infelizes, vazias, podendo inclusive desenvolver um quadro de depressão. Alcançar metas é ótimo, é o momento do deleite pela vitória, mas logo após chega o momento de traçar uma nova meta, de reciclar seu conceito de felicidade, aprimorá-lo.
    Como cada pessoa é única os sonhos variam muito, assim como a idade na qual os mesmos aparecem. O que muda também são as condições de cada pessoa para viver seus sonhos. Um sonho que parece bobo para uma pessoa pode parecer incrível para outra, sonhos inalcançáveis podem ser rotina na vida de pessoas de outra realidade.
    Minha família não tem nenhum médico ou advogado, ao menos nenhum juntando todas as gerações que eu conheço. Conheço um pai que tem duas filhas, uma médica e uma advogada. Agora veja, na minha família, ter o ensino superior, em qualquer curso, já é considerado uma grande vitória. Mas, para esse pai, ter filhas formadas é o mínimo que ele poderia esperar pelo padrão de vida que ele as ofereceu.
    As duas famílias ficam felizes quando vêem um membro se formar, mas com intensidades diferentes. Por isso, digo que não existe sonho pequeno ou grande existem sonhos que ficam nos sonhos e sonhos que se tornam metas. Quando você visualiza seu objetivo, as etapas que precisa cumprir para chegar até ele, percebe que elas estão ao seu alcance e começa a trilhar o caminho, você está vencendo.
    Está vencendo a sí mesmo, com seus traumas e medos, está vencendo a sociedade, formada por pessoas que desistiram dos próprios sonhos e que insistem em falar que você também deve desistir dos seus e está vencendo o sistema, que colabora de todas as formas para que as pessoas se confirmem com o que tem. Ser agradecido pelo que possui não significa se conformar. Devemos agradecer? Sim, mas jamais nos conformar.
   Somos filhos e filhas de um Rei, não merecemos nada que seja menos que o melhor. Mas, só conquistaremos se formos capazes de acreditar nisso a ponto de lutar por essa verdade. Sonhar é o combustível para se manter vivo, realizar os sonhos é o combustível para continuar sonhando. Mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Nota: Todas as respostas do começo do texto são ficcionais, não houve uma entrevista, qualquer semelhança com a realidade é uma coincidência.

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terça-feira, 2 de agosto de 2016

O Poder do Branco



     Ninguém preenche um cheque e o entrega em branco para outra pessoa, isso é perigoso, pode culminar em serias consequências. Ninguém vai a um restaurante desconhecido olha para o garçon e diz: Meu querido, me surpreenda! Seja lá o que ele trouxer, terá de ser pago. Você não vai querer correr o risco que seja algo que você não queira, pois dar a outro autonomia para escolher por você não te isênta da responsabilidade e por mais que você ache que é indiferente fazer ou não a escolha já que qualquer das opções dadas não seriam a escolha ideal, pense que ainda pode ter uma menos pior.

     Bem, caso o assunto deste texto ainda não tenha ficado claro para você eu vou direto ao ponto: o que você tem feito com o seu voto? Tem aplicado e investido em algo que valha a pena ou tem entregado nas mãos de outros para que façam o que bem enterem? Em uma entrevista o então Ministro, Marco Aurélio Mello,  declarou que o voto nulo é a melhor forma de "Dar uma de avestruz, enfiando a cabeça na areia e deixar o vendaval passar, é a melhor forma de comprometer negativamente o futuro do país". 
     E caso você já esteja sentindo no ar, sim, esta seria a parte do texto em que eu voltaria vários séculos na história do mundo para falar sobre paises que foram governados por crianças só por terem nascido na família certa, falaria de tiranos que exploravam o povo como propriedades suas nos feldos e sobre toda a luta que nossos conterrâneos travaram para nos dar o direito ao voto, ressaltando os mais "recentes" com esse direito que são as mulheres e os jovens, mas eu não vou fazer isso, eu vou te dar um outro argumento prá te convencer a não votar nulo.
     Não serve para nada do que você imaginou, "Afirma-se, por exemplo, que os pleitos (para cargos majoritários ou proporcionais) seriam cancelados caso houvesse mais de 50% de votos nulos. Isso é conversa fiada, avisa o TSE. No caso da eleição para deputados federais, estaduais e senadores, pode haver maioria folgada de votos nulos, que, ainda assim, os deputados tomarão posse. Mesmo se tiverem meia dúzia de votos. A Constituição garante que servem somente os votos válidos (excluindo-se os nulos e brancos) e ponto final".

     É isso mesmo, toda essa história que votar nulo para mudar o pais só coloca o poder de escolha  na mão da minoria, pessoas menos capacitadas e facilmente influenciáveis por propagandas bonitas e palavras difíceis, ou pessoas que se beneficiam com a eleição de seus respectivos candidatos.
     Traduzindo para uma escala menor, afim de facilitar um exemplo para este ser de Humanas que vos fala: em uma eleição na qual três candidatos concorrem pelos votos de cem pessoas o candidato 1 recebeu 46 votos, o candidato 2 recebeu 36 e o 3 recebeu 18, nesse caso haveria segundo turno pos um candidato precisa de 51% dos votos para ser eleito. Agora se o candidato 1 recebesse 36 votos, o 2 recebesse 14, e o três não recebesse nenhum porque 50% dos eleitores votou nulo, o candidato 1 seria Eleito com seus 36 votos, pos os votos nulos não são contados na apuração e não fazem a menor diferença.
    E caso você AINDA esteja confuso com esse papo de nulo, veja bem, ele é um voto opcionalmente inválido, é diferente de um voto anulado como por exemplo o caso do macaco Tião, habitante do zoológico do Rio de Janeiro, que foi lançado pelos eleitores na época da cedula de papel como candidato a prefeito e terminou em 3o lugar, com 400 mil votos, ou o caso do bode Cheiroso um famoso candidato que em Jaboatão (PE), recebeu 400 votos para vereador e de bodes com o mesmo nome que já venceram em Olinda (PE) e Minas Gerais. Nesses casos os votos foram anulados, pos os candidatos não concorriam pelo STE, estes votos são diferentes dos votos nulos ou em branco ( que diga-se de passagem são exatamente a mesma coisa já que em 1997 foi alterada a lei que dava ao candadito com mais votos o domínio sobre os votos brancos).
     Outro mito sobre voto nulo é que ele serve como protesto, o voto nulo tem pouco valor como protesto, já que os políticos brasileiros não se importam com a opinião do eleitor. Anular é uma atitude alienada, de quem não se importa com o rumo do país. Retirar-se da discussão é fácil, porém perigoso, a forma mais segura de garantir um pais mais justo é fazendo uma escolha consciente e acompanhando o candidato escolhido e principalmente se dando conta de um fato que nós sempre esquecemos, o presidente da república nada mais é que um funcionário público, assim como os deputados, governadores e vereadores, eles foram colocados em cargos de liderança, mas com a finalidade de nos servir, se você contrata um funcionário você precisa cobrar o trabalho bem feito (principalmente com o altíssimo salário que ele recebe).

     Então, saia um pouco da rede social e vá pesquisar sobre o passado dos candidatos, seus projetos, partidos e círculos de amizades, hoje temos um acesso a informação que nossos pais nunca tiveram, vamos tentar usar para algo útil. Vá cobrar o hospital, a creche, a diminuição de tarifas que o prefeito prometeu quando era candidato. Reclamar da rua esburacada no facebook só funciona se você tiver o prefeito na sua lista de amigos, mas você sabe, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.
Ass: Bruno Santos

Fontes de pesquisa para este texto:
Revista Super Interessante Setembro de 2006.

Vídeo: Voto Nulo - Intendeu ou quer que eu desenhe (youtube)

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Embriagados de "amor".

    Algumas semanas atrás eu e minha namorada pegamos um ônibus por volta das 6:40h de um sábado. Conversávamos distraídos quando um casal se levantou atrás de nós, dando a impressão de que saltaria no próximo ponto.
    Até então, nada de estranho, entretanto o casal não desceu naquele ponto, não desceu no próximo e nem no seguinte. Foi aí que se tornou impossível ignorá-los, principalmente levando em conta que a garota quase caiu em meu colo algumas vezes.
    Reparando bem, percebi que a menina estava alcoolizada e por isso se balançava a cada aceleração do coletivo. Ela estava sendo levada para casa pelo rapaz que parecia estar achando graça do fato dela não ter muita certeza de onde morava, mas também parecia estar um pouco preocupado já que, ele mesmo, parecia não saber onde estava.
    Vamos supor que este casal se conheceu na noite de sexta ou na madrugada de sábado, os dois estavam bêbados ao final do evento e ele se ofereceu para levá-la em casa. Teoria perfeitamente viável. Na verdade, parecia bem provável diante do comportamento de ambos e do nível de intimidade que eles demonstravam NÃO ter.
    Diante disso, me peguei pensando em quantos casais não adentram em relacionamentos estando embriagados por suas ilusões e carências. Muitas vezes procurando ser guiados por pessoas que também não sabem aonde estão se metendo. Apenas cegos guiando cegos.
    Muitas vezes só é necessário um corpo bonito, um bom papo, uma gentileza, e de repente já foram criados mil castelos imaginários. Mil projeções sobre como a pessoa é perfeita e te fará feliz. Se sonha com uma vida inteira  ao lado de pessoas com quem talvez nem se possa contar no dia seguinte.
    Muitos namoros, inclusive, se iniciam enquanto as partes ainda se encontram mergulhadas neste torpor. Veem o outro não como é, mas da forma como o imaginam e caso sejam capazes de enxergar os defeitos do outro, se consideram "os escolhidos" para gerar a mudança necessária apenas com sua presença, assim como nos filmes.
    O problema é que NA VIDA REAL não existem príncipes ou princesas encantados. Ninguém é normal quando visto de perto e um relacionamento só pode dar certo se as pessoas obtiverem um conhecimento verdadeiro sobre si mesmos e sobre seus pares. Daí então, é necessário refletir conscientemente sobre as diferenças e semelhanças do casal para ponderar sobre a viabilidade da união.
    Uma menina pode ser capaz de amar seu namorado apesar de seus atributos físicos questionáveis, mas será que ela suportaria ouvir o ronco estrondoso dele pelo resto da vida? Um menino pode tolerar a falta de interesse de sua namorada pelas músicas e filmes de que ele gosta, mas conseguiria manter um relacionamento se ela não suportar a família dele?
    Mais ou menos importantes, existem muitos fatores a serem ponderados quando se está conhecendo uma pessoa com quem se deseja viver um namoro. As vezes leva mais tempo para se descobrir aqueles defeitos escondidos por trás da bela maquiagem que é um sorriso. E esse é o motivo pelo qual muitos casamentos terminam em meses depois de anos de namoro, é que os namorados se dedicaram muito a conhecer seus corpos, mas pouco a conhecer suas almas e seu caráter. A parte mais importante, que não se deteriora com o tempo.
    Que possamos deixar Deus agir sobre nossa afetividade, para que sejamos capazes de enxergar além das aparências e das oportunidades. E acima de tudo, saibamos esperar o melhor que Ele tem para nós, sem nos contentarmos com os "brindes" do mundo. Pois, como está escrito no versículo 9 do segundo capítulo da Primeira carta de São Paulo aos Coríntios, "Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam", mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Fonte:

Livro: Mitos Sobre o Matrimônio: o "Príncipe Encantado" - Robson Oliveira
http://ecclesiae.com.br/mitos-sobre-o-matrimonio-o-principe-encantado

sábado, 16 de julho de 2016

Mãe é Mãe.

   A família é a primeira porção da sociedade da qual tomamos conhecimento. É com ela que descobrimos as noções de hierarquia, o valor de uma alimentação saudável, da higiene, que existem leis e que seu não cumprimento gera punições e etc.
    Com todos os seus defeitos, qualidades e esquisitices, os pais ainda são a referência de vida dos filhos. Seja do que fazer ou do que NÃO fazer. Entretanto, tenho percebido uma tentativa de desvalorização do papel dos pais. Eles têm sido mostrados como desnecessários e até mesmo como empecilhos.
    Veja os heróis, aqueles que as crianças enxergam como exemplos: Spider-man, Batman, Harry Potter, todos os Cavaleiros do Zodíaco, o Naruto e o Goku são apenas alguns exemplos de órfãos que parecem ter se dado muito bem sem uma supervisão materna/ paterna. Os valores que eles conhecem foram adquiridos por osmose, com os amigos ou com pessoas que eles escolheram admirar.
     É quase como se uma ideia estivesse sendo vendida: os pais te limitam, eles te protegem demais, escute seus amigos, só eles acreditam e confiam em você de verdade. Entretanto, em meio a toda essa mentalidade mundana, um exemplo maior nos foi dado. Alguém que para legitimar o verdadeiro valor da família e provar sua beleza, escolheu crescer em uma mesmo sem precisar. Jesus de Nazaré.
     Ele poderia ter vindo dos céus cheio de glória e majestade, falado aos homens com autoridade divina, mas escolheu nascer pequeno e indefeso. Ser cuidado, alimentado, ensinado a falar e andar. Receber lições sobre hierarquia, leis, higiene, o valor da alimentação saudável e acredite, isso fez toda a diferença.
     Por isso, se tem algo que eu não compreendo é como a terra que Jesus pisou é considerada terra santa, as palavras que ele disse são consideradas santas, mas existe tanta resistência em assumir que o ventre que o trouxe ao mundo também é santo. Que a família que o acolheu é sagrada. Os discípulos de Jesus não foram escolhidos por acaso, por quê a mãe dele seria? Realmente acham que ele ficou sentado do alto dos céus com o dedo apontado pra Terra e dizendo "Uni-duni-tê"?
     Jesus disse "Eu saí de Deus. É dele que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele quem me enviou" (João 8,42), e se Jesus provém do Pai, como poderia não cumprir os mandamentos do Pai? Como poderia deixar de honrar pai e mãe? Escutar sua intercessão é uma forma de honraria. E a intercessão de certa mãe durante um certo casamento foi capaz de apressar o Tempo de Deus, nunca mudar sua vontade, mas levá-lo a adiantar seus planos.
     Hã quem diga: essas pessoas estão mortas, elas não podem pedir mais nada a Deus. Estes provavelmente esqueceram das palavras do Senhor, pois "Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha palavra, não verá jamais a morte" (João 8,51). E, se houve no novo testamento alguém que soube ser obediente a Deus, esses foram Maria e José.
     Maria viu a possibilidade de ser apedrejada como adúltera por aparecer grávida sem ter coabitado com José, mas confiou na providência divina, aceitou sua missão e ficou repleta do Espírito Santo. José, abriu mão de seus planos e sonhos para manter o salvador seguro, estava alerta a voz do mensageiro do Senhor para deixar o que quer que conquistasse e seguir em frente sem olhar para trás. Como alguém pode ousar dizer que estas são pessoas comuns? Quem se lançaria nos projetos de Deus sem pensar duas vezes?
     Cresci em uma família protestante e por isso tive muita resistência a imagem de Maria durante muitos anos, mas aos poucos, estou dando a ela mais espaço na minha vida. Se um dia Eric Clapton se oferecesse para me dar uma aula de guitarra eu não negaria. Se o Frank Miller quisesse me dar uma aula de desenho, eu daria uns pulos de alegria. Então, acho que seria uma grande burrice da minha parte escolher permanecer órfão quando A Mãe de Deus está se oferecendo para me adotar.
     Uma consideração final para fins de conhecimento: Eu sou o Bruno Santos, mas também sou o Bruno irmão de Nayana, o Bruno filho da Lenira, o Bruno da Carol, Bruno do ministério de Música, Bruno de Niterói, etc. Se até EU posso ter um monte de títulos sendo a mesma pessoa, qual a dificuldade para entender que Maria é uma só? Maria de Nazaré, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Guadalupe e etc, nada mais são que títulos diferentes dados para a mesma pessoa.
     Uma pessoa que amou a Deus e exultou seu nome através da própria vida:

"E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,
meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações,
porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.
Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.
Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos.
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre." (São Lucas 1,46-55)

Ass: Bruno Santos

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terça-feira, 5 de julho de 2016

Domingo de Manhã (Por: Caroline Macedo)


   Domingo. 7h30 da manhã. Rua deserta. Eu e meu namorado saímos juntos para uma atividade que faz parte da nossa rotina semanal. Disse rotina, o que não torna a atividade menos importante. Íamos participar da Santa Missa. 

  Ao fechar o portão percebi que minha sobrinha, que nos olhava da porta da sala, fazia repetidamente um sinal de “não” com o dedo indicador. Achei que fosse pelo fato de estarmos indo sair sem ela, depois do que aconteceu pensei que certamente era um aviso de Deus, o sinal de um livramento. 

  Depois de trancarmos o portão e darmos algumas poucas passadas pela calçada, ouvimos o barulho de uma moto se aproximando, o que rompeu o silêncio da rua e abafou o som da nossa conversa. Nela haviam dois sujeitos. Um deles começou a gritar “Passa o iPhone, passa o iPhone!!” 

   Olhei para o meu namorado e numa atitude quase involuntária comecei a tirar a bolsa do meu ombro, pensando que junto com ela não ia um iPhone, mas meu humilde MotoG2, comprado com o meu primeiro salário. Faltava pouco para eu entregar a bolsa, quando senti uma mão na minha cintura, o que me fez avançar algumas passadas. Sim, meu namorado fez isso! “Reagiu” a uma tentativa de assalto. Uma tentativa de assalto realizada por dois marmanjos desarmados, as 7h30 da manhã de um domingo, praticamente na porta da minha casa. 

  Eu nunca havia passado por uma situação capaz de me deixar em estado de pânico como esta me deixou. Se já passei, não me recordo. O fato é que mais do que em pânico, esta situação me deixou revoltada, magoada, por quase ter sido assaltada as 7h30 da manhã de um domingo, praticamente na porta da minha casa !! 

   Eu saio de casa durante a semana todo dia bem cedo para trabalhar, do trabalho vou para a Faculdade e sou liberada quase as 22h da noite. Pego  um ônibus, vou pro Terminal Rodoviário, pego outro ônibus e aí sim chego em casa. Eu imaginava que isso pudesse acontecer comigo no Centro de Niterói, no Campus da UFF ou em qualquer outro lugar. Mas jamais, jamais, quase na porta da minha casa às 7h30 da manhã de um domingo. 

   Sei que pode estar soando terrivelmente chato essa repetição de informações, mas repito para enfatizar a gravidade do fato.  

   Sou grata a Deus por naquela manhã Ele ter preservado a minha vida e a vida do meu namorado. Por Ele ter também preservado os bens materiais que conquistamos com o suor do nosso trabalho (o que não é tão importante, claro). Mas sinto muito, muito, por naquela manhã aqueles dois rapazes terem levado consigo o resquício de segurança que ainda havia em mim.

  A segurança que já senti quando ia para a Igreja, ou quando saia dela, as 23h, 00h, 6h, após uma Missa de preceito ou uma Vigília com a certeza de que chegaria bem em casa, mesmo que eu fosse sozinha. A segurança de andar pelas ruas do meu bairro, rodeada de vizinhos e gente conhecida, sem desconfianças ou receios. 

  Infelizmente não existe nada que possa nos deixar imunes a onda de violência que vem assolando a nossa Cidade. Não importa se você mora num bairro há duas semanas ou 30 anos. Não importa se você é homem ou mulher, velho ou criança, esteja sozinho ou acompanhado. Não importa se você tem um iPhone, um Motorola, Samsung ou CCE. Não importa se é manhã, tarde ou noite. Se você vai pra Missa ou pra balada. 

  Todos nós somos vítimas em potencial. Vítimas de uma sociedade que vem nos ensinando a temer sair de casa, pois não sabemos como iremos retornar. Não sabemos SE iremos retornar.

Ass: Caroline Macedo

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sábado, 2 de julho de 2016

Tem Gente Morrendo

                             "Tem gente morrendo
De angústia e de medo
Tem gente morrendo
De falta de amor
Tem gente morrendo
De dor e ódio
Tem gente morrendo"

     A vida humana está sendo banalizada. Nossa dignidade se perdeu em meio a tantos rótulos e denominações. Nos tornamos estatísticas, números e pontos de audiência.

     Essa banalização precisa cessar. Precisamos olhar para nós mesmos com dignidade e respeito, compreendendo que a busca pela preservação da vida de nossos semelhantes deve independer de diferenças políticas, religiosas, éticas ou étnicas.

     No dia 11 de Junho, 49 pessoas foram mortas em uma boate em Orlando, o fato dessa boate ser destinada ao público LGBT não passa de um mero detalhe. Antes de serem homossexuais ou qualquer outra denominação que possam receber suas práticas sexuais, eles são seres humanos, filhos e filhas de alguém. E essas mortes são perdas imensuráveis.

     Se nos escandalizamos com a morte de onças, gorilas e jacarés (que também aconteceram por motivos estúpidos e desnecessários), por quê o assassinato de bebês ainda no ventre é tratado com naturalidade tantas vezes? Policiais executados, crianças mortas na porta de suas casas, pessoas alvejadas durante tentativas de assalto ou ceifadas pela espera nas filas dos hospitais tem em suas almas o mesmo valor.

    Aliás, "Amarás teu próximo como a ti mesmo" (Mateus: 22,39) conta para todo mundo, não apenas para quem você gosta. Isso significa que os ladrões, assassinos, estupradores e pedófilos também merecem seu amor. Entenda, amor verdadeiro, amor que pune e ensina, mas que também perdoa.

     Que não façamos distinção de pessoas, possamos valorizar cada vida e lutar para que nenhuma se perca “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça (João 3,16)", mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Fontes:

Poema: Tem gente morrendo Ana

http://www.diariodecanoas.com.br/_conteudo/2016/06/noticias/mundo/347545-saiba-como-aconteceu-o-massacre-na-boate-pulse-em-orlando.html

http://www.jornaldecaruaru.com.br/2016/06/artigo-o-gorila-o-crocodilo-e-a-onca-por-severino-melo/

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sábado, 18 de junho de 2016

Com que touca eu vou?

     O frio pegou a nós, cariocas, de jeito! Mudou nossos hábitos e virou o assunto mais comentado. Com a chegada dele a procura por repelentes nas farmácias deu lugar a uma busca enlouquecida por manteiga de cacau, a melhor amiga dos lábios ressecados pelo frio.
     Caminhando numa dessas noites geladas, indo de drogaria em drogaria a procura de minha amostra (fui em sete no total), passei por uma cena curiosa: uma senhora que pedalava tranquilamente pela via, vestia um par de tênis confortáveis, uma calça de ginástica, um casaco quentinho e uma touca ninja. Sim, uma touca ninja!
     Sendo eu um ciclista, me admirei com a genialidade daquele ato. Ao contrário de outros ciclistas que eu já tinha visto naquela noite (é incrível a forma como coisas que te interessam parecem saltar sobre você na rua), que lutavam para manter o capuz do casaco na cabeça contra o vento, aquela senhora estava a vontade.
     Suas orelhas estavam quentinhas, seu cabelo não estava bagunçado e ela respirava sem dificuldades. Mas, se aquele acessório foi feito sob medida para esse uso, por que nunca tinha visto aquela cena? Quem sabe, talvez, por que dificilmente um rapaz conseguiria pedalar por cem metros sem - na melhor das hipóteses - ser parado pela polícia?
     Bem, digo que quando me imaginei com aquele acessório pelas ruas do meu bairro a imagem que me veio foi a da touca sendo perfurada por uma bala de fuzil. Ainda na minha cabeça. E digo mais, acredito que se durante uma revista encontrassem ela em minha mochila, mesmo que ainda embalada, eu acabaria respondendo por todos os crimes realizados com toca ninja nos últimos anos.
     Não posso usar essa touca pelo mesmo motivo que a cor vermelha consta com uma ressalva no meu armário, pelo mesmo motivo que tive de parar de usar boné e pelo mesmo motivo que levou minha mãe a me proibir de usar certas marcas de roupa no passado. Medo! Medo de parecer algo, medo de chamar certo tipo de atenção, medo de ser notado até.
     Me vestir como os outros jovens (boné, bermudão, cordões) me faria ser parado pela polícia, andar arrumado demais me faria ser alvo para assaltantes, ou seja, a técnica para sobreviver à minha adolescência (segundo minha mãe) consistia em não ser notado. Obviamente todo jovem quer ser notado, então eu saía de casa o mais simples possível e acabava de me arrumar no ônibus, mas ainda sim aquele medo ficou para sempre no meu subconsciente.
     Hoje, é impossível para mim comprar uma roupa sem pensar que tipo de atenção vou atrair com ela, que tipo de pessoa vou parecer. É a mesma coisa que penso quando decido que é hora de cortar o cabelo ou fazer a barba. Não sou eu quem escolho minhas roupas, mas a sociedade que me cerca e a forma como eu acho que eles vão reagir a isso. Hoje por exemplo, eu gostaria de viver em uma sociedade onde fosse bem visto ir trabalhar enrolado em duas camadas de edredons.
     Existe um tipo de acordo velado, com roupas que são adequadas ou não, ninguém realmente fala sobre isso, as pessoas simplesmente sabem, algumas pelo menos. Quer dizer, quando você está no shopping e vê um cidadão entrando no cinema de chinelo e meia você sente um desequilíbrio na força, mesmo sabendo que não tem nada com a vida do indivíduo. Aquilo te faz sentir um desconforto.
     Senti isso uma vez ao ver um camarada na praia de terno e gravata, a sensação de que aquela pessoa deveria estar em outro lugar, ou no mínimo com outra roupa. Por isso, imagino que outras pessoas devam sentir isso em algumas situações, mas gostaria que esse "acordo social" fosse mais abrangente, que ele, por exemplo, permitisse que minha namorada me desse um casaco vermelho sem medo que isso me matasse.
     Não poderei usar touca ninja para andar de bike, não entrarei na minha comunidade de casaco vermelho e nem usarei roupas de marca para ir a lugares que conheço pouco, por medo da polícia (mesmo sem nunca ter cometido um crime), por medo da facção rival (mesmo sem pertencer a nenhuma) e por medo dos assaltantes (mesmo que eu seja apenas um pobre lascado). Viverei com medo, medindo minhas atitudes em virtude daquilo que os outros podem ou não pensar de mim.
     Nessas horas, eu queria que meus problemas se resumissem a precisar decidir se vou no cinema de chinelo e meia ou de pijama e achar que ISSO é viver perigosamente. Mas, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

sexta-feira, 10 de junho de 2016

X-Woman

   Nos últimos dias, um outdoor do mais recente filme dos X-Men tem sido criticado por pessoas que alegam que ele traz uma mensagem de superioridade masculina e incentivo a violência contra a mulher.
    Na qualidade de admirador do trabalho da Marvel, no que diz respeito a seus quadrinhos, desenhos e filmes, gostaria de mostrar que obviamente essa, em momento algum, foi a intenção.
   Nasci nos anos noventa, tive acesso a diversas HQ's, como pode ser visto na imagem que é da minha coleção pessoal, e vi o Professor Xavier (um cadeirante) ser subjugado tantas vezes quanto a Vampira ou o Wolverine. Isso se chama protagonismo.
    Significa que aquele personagem terá importância naquele episódio em particular, o que valoriza um momento de tensão. Reclamar de protagonismo feminino é quase incoerente. Essa claramente é uma história fantasiosa baseada em princípios maniqueístas em que o mal parece mais forte, mas mesmo assim é desafiado.
    Não vi o filme ainda e não quero ser acusado de dar spoiler, mas conhecendo X-Men como eu conheço, sei que haverá algum tipo de reviravolta com uma superação de limitações e alcance de objetivo através do poder da amizade ou algo do tipo. Se for verdade, me digam depois, mas sem spoilers!
  Os quadrinhos desses mutantes são fantásticos, eu consigo enchergar neles as lutas de todas as minorias para se encaixarem na sociedade, não apenas por serem mutantes, mas por serem negros, judeus, cadeirantes, gays, etc. Se a intenção fosse sugerir que a  Mística é inferior a outro personagem por causa do sexo ela seria apenas excluída da luta, ficaria de lado enquanto os homens lutam. Mas dizer que um quadrinho que tem a Ororo, Jean Gray e Psylocke, mulheres que lutam de igual para igual com qualquer homem é machista, é como dizer que Senhora de José de Alencar é um livro machista.
    Encerrando minha defesa dessa indústria capitalista que já me deu bastante gasto, mas que está intrinsecamente ligada a minha forma de ver o mundo e respeitar as pessoas, vou dizer que tudo parece algo fora do contexto, mas que é preciso um olhar além. 
    Acredito que teria um impacto negativo bem maior um banner mostrando a Mística (mocinha) arrancando a coluna vertebral do corpo inerte do Apocalipse (vilão) com aquele sorriso no rosto que os fãs sabem que a VERDADEIRA mística daria nos quadrinhos. Mas, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

sábado, 4 de junho de 2016

Bom dia, boa tarde e boa noite.

  E sou um cara um tanto quanto introspectivo, tenho poucos amigos e muita dificuldade para fazer novos, principalmente em curtos espaços de tempo. Mas, um dos ensinamentos de minha mãe, Dona Lenira, eu trago comigo quase como um mandamento. Ela me dizia na infância:

"Você não precisa ser amigo de todo mundo, mas você precisa mostrar para as pessoas que você é de lá."

    Talvez isso não faça tanto sentido para você caso não tenha crescido em uma comunidade, mas, em alguns casos, ser identificado como pertencente a um lugar pode salvar a sua vida.
    Sempre fui um garoto caseiro, saia pela manhã para a escola, voltava a tarde e só saia de casa novamente se fosse para ir na igreja durante a noite. Muitas pessoas que moravam na mesma rua que eu nem sequer sabiam da minha existência.
    Nesse contexto o "Bom dia, boa tarde e boa noite" se tornaram muito mais que cumprimentos, eram um cartão de embarque. Sei que em outras partes do Brasil é diferente, as pessoas se cumprimentam por educação, mesmo sem nunca terem se visto.
    Mas, onde eu cresci, só se fala com quem se conhece, e ter um rosto familiar pode te livrar de problemas. Hoje, sendo um negro de 1,80m, sei que um "Boa noite" em uma rua escura também ajuda a baixar as guardas e dissipar a tensão no ar. Mesmo que não completamente.
    Muitos dos garotos que ainda jogavam bola na rua enquanto eu saia para a igreja continuam na mesma rua, mas agora com armas na mão e eu sei que sem aquele cumprimento de anos atrás eu seria um estranho para eles, consequentemente uma ameaça e possivelmente um alvo.
    Certas vezes me deparo com senhoras idosas que me sorriem e perguntam como vai minha família, não faço ideia de quem são a maior parte das vezes, mas tenho a tranquilidade para lhes sorrir e dizer que estão todos bem. Pois, sei que elas se lembraram de um cumprimento que lhes ofereci algum dia a anos atrás.
    Quando você deseja um bom dia a alguém está gravando uma impressão sua na mente da pessoa, mesmo que seja no subconsciente. Pode parecer bobo e até desnecessário dar bom dia a um desconhecido, mas de certa forma isso demarca um território.
    Afinal, você não fala com estranhos em lugares que você não conhece. Seu cumprimento te dá poder sobre o espaço, por mostrar que naquele lugar você se sente seguro.
    Sei que para mulheres a coisa é mais complicada, já que existem homens que não sabem a diferença entre educação e interesse, mas ainda assim, vale a pena um olhar nos olhos vez ou outra. Você pode não se lembrar, mas outros lembrarão de você.
     A política da boa vizinhança não nos impede de ser assaltados na esquina da nossa casa, não torna desnecessário o uso de cadeados ou trancas, mas nos dá a sensação de companhia quando tudo parece ameaçador, então não negue um sorriso a um vizinho nem deixe de lhe oferecer um cumprimento. Mas essa é apenas a Minga Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos.

terça-feira, 22 de março de 2016

Geração Desconstrução

     Rolha de poço, loira burra, macaco, macumbeiro, bicha, favelada, piranha. Se você nasceu durante, ou antes, dos anos 90 já escutou todas essas expressões. Talvez uma delas já tenha sido direcionada a você.

     Acontece que estamos vivendo em uma geração diferente. Gordofobia, Racismo, Machismo, Xenofobia, Preconceito Linguístico, Social, Cultural, são conceitos que não eram divulgados nessa época. Eu disse NÃO ERAM DIVULGADOS, não disse que não existiam, obviamente. Eu mesmo fui chamado de baleia por boa parte da infância. Sinceramente, sabia que existiam coisas piores das quais ser chamado e geralmente reclamar só fazia as coisas piorarem, então, eu aceitei quieto e segui minha vida. Não tenho condições técnicas de analisar as consequências disso em minha forma atual de ver o mundo ou a mim mesmo, mas provavelmente é diferente da forma de alguém que não sofreu qualquer agressão.

     Hoje, estamos na era da informação, onde cada espirro das “celebridades” é divulgado mundialmente, cada início e término de namoro ou saída de casa sem vestimentas tidas como “adequadas”. Se é assim para as coisas fúteis, precisa ser para coisas primordiais como direitos humanos e civilidade. Vejo muitas pessoas reclamando nas redes sociais e apelidando essa de Geração “MiMiMi”. Apontando seus “adeptos” como reclamões incansáveis que nunca estão satisfeitos com nada. Alegando que no tempo deles era diferente. E era, mas as coisas sempre mudam.

     Quando eu era mais novo, ser Nerd era motivo de vergonha, hoje é cult. Nós cantávamos “Au au au, vai descer quem mora mal” quando nossos amigos desciam do ônibus no passeio (mesmo que morassem apenas uma rua antes de nós), hoje estaríamos todos presos. Nós achávamos demais quando aparecia um pedacinho de seio na Sessão da Tarde, hoje você vê pornografia pra todo lado, querendo ou não. Naquele tempo levar dois reais para a escola fazia de você um Playboy, bem, ainda faz se você for universitário, mas essa quantia não compra mais o que já comprou.

     O ponto em que eu quero chegar aqui é: somos as mesmas pessoas, vivendo no mesmo mundo, mas agora com voz. Uma voz que deve estar resguardada por uma amplitude de conhecimentos, mas, basicamente voz é o que temos.

     Se a alguns anos você comprasse um produto e este apresentasse um defeito suas opções eram ir na loja ou procurar o PROCON. Hoje em dia você pode falar diretamente com o fabricante e, acredite, isso pode resolver os seus problemas, afinal, que marca quer ficar mal falada na grande rede? Nenhuma! A sua opinião é um poder que as marcas temem, principalmente se você souber como expressá-la. Que o digam os YouTubers que estão ganhando a vida simplesmente expressando opiniões em vídeos, atitude que parece ter entrado para a cultura mundial de forma definitiva.

     Ser discriminado por um professor, policial ou funcionário de loja pode resultar na demissão e até prisão do mesmo, isso apenas com o auxílio de uma simples câmera de celular. Essa é uma nova etapa no desenvolvimento humano. Obviamente  o nível ideal será aquele em que ninguém descriminar ninguém, mas até lá, nos contentamos em ver punidos os que levam a diante essa cultura de ódio e segregação.

      A internet é um espaço democrático onde a pessoa com acúmulo de tecido adiposo pode enaltecer a beleza de suas curvas; a negra pode se apoderar da cultura afro e conclamar seu protagonismo; assim como a feminista pode exigir um tratamento igualitário para si em relação aos homens que exercem a mesmo função que ela em seu emprego, mas inexplicavelmente recebem mais. Essas pessoas sabem que o fato de algo ter se tornado “normal” não a torna boa e estão lutando a sua maneira para que as coisas mudem. Lutando contra esses preconceitos com os quais vivemos a tanto tempo que passaram a ser confundidos com opinião.

      Entretanto, as postagens e textos gigantes nas redes sociais não podem ser tidos como meio único de divulgação. Eles devem se traduzir em atos concretos também no nosso cotidiano. Devem se transformar em conversas em filas de supermercado, pautas de reuniões de família e amigos. Pois só se pode combater aquilo que se conhece, só se pode decidir se algo é certo ou errado depois de debater amplamente esse assunto e desconstruir preconceitos naturalizados pela reincidência, mas essa é apenas a minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

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sexta-feira, 11 de março de 2016

Falência Múltipla dos Órgãos

      Você  tem um pâncreas. Também tem um fígado e dois rins (com raras exceções). Parece meio bobo dizer isso, eu sei. Provavelmente você já sabia da existência desses órgãos e da importância deles para o funcionamento do seu corpo, mas já tinha pensado neles hoje?
   O que você fez hoje que beneficia o funcionamento desses órgãos? Lembrou deles durante suas últimas compras? Ou estava preocupado demais em comprar aquela margarina que faz bem para o coração, aquele iogurte que regula o intestino e aquele legume que faz bem para a pele?  Provavelmente eu não estarei mentindo se afirmar categoricamente que ao longo da sua vida você vai passar mais tempo cuidando do seu cabelo que dos seus rins.
      A não ser que: eles parem. Sim, porque é fácil esquecer que algo existe quando ele está funcionando. Você não lembra que seu coração bate ao longo do dia, a não ser quando ele faz isso com mais intensidade ou quando para de fazer. E GRAÇAS A DEUS não precisa ficar pensando no pulmão a todo tempo para respirar. Se fosse assim, todos nós estaríamos mortos. Se você consome bebidas alcoólicas, talvez pense no seu fígado vez ou outra, e provavelmente continuará pensando de forma esporádica, mas se não tomar uma atitude, seu pensamento será em vão.
    Daí um dia, descobrirá que tem um problema grave (isso não é uma praga, apenas uma suposição), um problema que começou há anos, fazendo seus rins trabalharem de forma mais lenta, gradativamente, até pararem de vez. Mas, você não percebeu, porque isso não estava afetando sua vida até então. Entretanto, agora afetará, e você terá que tomar medidas drásticas para remediar essa situação. 
     Agora, vamos pegar esse corpo humano e transformar em um estado, pegar esses órgãos vitais e transformar em órgãos públicos, trocar a desatenção com a saúde pelo sucateamento dos serviços e então esse corpo será o Rio de Janeiro, um estado com falência múltipla dos órgãos. Sem segurança, saúde ou educação. Mesmo que o "cérebro" não perceba. E, assim como no corpo humano, como o orgão mostra pro cérebro que algo não está bem? Como ele se faz notar? Parando! Eis aí o embasamento científico para a greve.
     Resumo de um dia no Rio de Janeiro: O professor que passou o dia de pé em salas de aula sem ar-condicionado, escrevendo com um piloto que comprou com recursos próprios sem poder nem sequer fazer uma pausa para beber água já que o abastecimento da escola foi cortado vai ao mercado, mas não consegue comprar o que precisa já que seu salário não foi pago, assim como o de vários servidores públicos. Na saída é assaltado por um desempregado desesperado e por não ter o que entregar acaba sendo esfaqueado, vai parar na UPA local, mas, após 3 horas de espera ele descobre que a unidade não dispõe nem sequer de gaze para um curativo. Bem, isso foi só uma simulação, mas fala a verdade, pareceu muito longe da realidade?
     E mesmo com um Estado em estado de calamidade, com uma criminalidade mais bem armada e organizada que a polícia, com hospitais que não tem equipamentos básicos para o atendimento, com escolas caindo aos pedaços e funcionários públicos com salários atrasados, ainda somos obrigados a olhar milhões e milhões sendo gastos em obras para atender estrangeiros que virão para as Olímpiadas. Obras que se mostrarão tão inúteis quanto as feitas para a Copa do Mundo de 2014, que desabrigaram famílias para sua construção, mas continuam sem uso até hoje.
      E é por isso que o povo precisa parar, sim, o povo precisa protestar, mostrar a cara e se fazer ouvir. Lembrar aos governantes que nós somos os patrões. Lembrar que nós somos as ingrenagens que movem esse relógio, mas que ao contrário do relógio, não trabalhamos de graça. Então, se uma greve se por entre você e seu objetivo, não diga que ela é composta por vagabundos ou coisa do tipo, se lembre que somos parte do mesmo corpo e se o dedão do pé sofre uma inflamação, o corpo inteiro fica com febre. Mas essa, é apenas a Minha Humilde Opinião.


"Pois o operário é digno do seu salário - Lucas 10, 7"

"Para todo esforço há fruto, muito palavrório só produz penúria. - Provérbios 14, 23."

Ass: Bruno Santos

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terça-feira, 1 de março de 2016

Precipitação

     A chuva consiste na precipitação da água em forma de gotas sobre a superfície terrestre. Esse fenômeno pode trazer várias consequências, como deslizamentos, transbordo de rios, inundações, desabamento de casas, acidentes de trânsito, além de congestionamentos gigantes.
    Outro efeito recorrente da chuva é a morte. A morte por raiva. Sim, pois que outro sentimento pode-se ter quando a chuva cai exatamente na hora em que você sai do trabalho? Ou quando ela causa um engarrafamento que te impede de chegar na faculdade? E se ela te pega desprevenido e molha aquele calçado no qual você tanto se amarra? Não nos esqueçamos também que ela pode causar depressão em algumas pessoas ao cair no fim de semana, no feriado, no dia em que estava marcada a reunião da turma ou aquela tão esperada praia.
    Bem(apesar dos pesares), eu particularmente considero a chuva um evento belo: a forma como as gotas dançam com o vento, o som delas tamborilando no telhado; as árvores se agitando; o clima; o cheiro da água misturada com a terra. Obviamente, estando dentro de casa, seco, com luz e internet essa experiência é bem mais confortável, mas nem tudo é perfeito. Gosto de raios também, mas isso é outra história.
    Se tem uma coisa que penso toda vez que minha cidade para em decorrência da chuva é: "Mas Senhor, não chove todo ano nessa época há milênios? Como é que não prepararam a cidade para isso? Como puderam ignorar esses eventos no planejamento da infraestrutura urbana? Por quê o povo precisa ficar ilhado toda vez que chove? Tem alguém que se diverte com isso?"
    Não que o povo não tenha sua parcela de culpa na situação, até porque os bueiros não entopem sozinhos. É preciso ter consciência sócio-ambiental e pensar melhor sobre onde vai jogar aquele papel de bala ou aquela garrafinha de água. Isso fará diferença. Mas, sua cobrança também fará. Nas próximas eleições para prefeitos e vereadores, encontre um candidato que REALMENTE more na sua cidade, que seja afetado por esses problemas e tenha vontade de resolvê-los.
    E por favor, não pragueje contra a chuva, ela é um evento climático, não um ser consciente. Ela vai desprender o solo encharcado, alimentar rios, regar plantas, derrubar árvores, encher os reservatórios e ajudar o homem a conseguir luz elétrica. Assim como o fogo que te aquece do frio, mas também pode te matar queimado. Precisamos apenas saber respeitar seu tempo e espaço. Deus criou um mundo em perfeito equilíbrio, nada é atoa, mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Papel de Foto

      Desde o tempo das cavernas o homem buscava compartilhar, através de imagens, os eventos de seu cotidiano. Para isso, utilizava as pinturas rupestres: desenhos nas paredes das cavernas que representavam cenas de sua caçada, sua família, o lugar onde viviam e por aí vai.
   Com o advento da cartografia, da escrita descritiva e das artes, o homem buscou dar continuidade a esse processo de preservação da memória. Todo conhecimento deveria ser documentado e compartilhado, ou quase todo. 
     Hoje, vivemos a era da informação. Parece ser possível descobrir qualquer coisa com a palavra-chave certa. Já não se é possível atravessar uma rua de um centro urbano com a ilusão de ter sido ignorado pelas câmeras.
    Nesse contexto, parece que tudo que existe já foi filmado ou fotografado. Células, micróbios, animais, vegetais, obras arquitetônicas, peças de arte, cidades, continentes, planetas, galáxias, estrelas. O que falta? Provavelmente não saberemos até encontrarmos. 
     A questão é que, ao contrário da época de seu lançamento, há 176 anos, hoje a fotografia é de fácil acesso através dos celulares, que quase todos possuem.
    O álbum fotográfico que era um tesouro familiar, uma herança a ser passada para as próximas gerações, se converteu em uma pilha de CD's, pen drives e senhas de Redes Sociais onde se encontram os álbuns virtuais. Sendo este último o local onde pessoas expõem sua intimidade em fotos que mostram cada movimento realizado ao longo do dia.
    Existe quem comece com a foto de uma refeição, fotografe cada espaço de um passeio no qual foi possível tirar uma selfie e termine no banheiro, fazendo sabe-se lá o que, para vender uma ideia ao seu “público”.
     Nas redes sociais, todos são marqueteiros de sí mesmos, tentando se promover como produtos. Alguns têm arriscado suas vidas tirando fotos em lugares perigosos em busca da "Selfie Perfeita", outros têm oferecido a sequestradores um roteiro detalhado de seus passos.
    Tirar fotos pode ser um hobby, pode ser uma distração, pode até ser uma profissão, mas não pode ser o único motivo do seu sorriso. 
     As pessoas são como icebergs: aquilo que é visto não passa de uma parcela do que elas são realmente. Viver para  manter aparências rouba sua essência, o que pode acarretar uma depressão profunda. Dividir nossas vitórias, momentos divertidos, opiniões, lembranças pode ser saudável, mas se for feito na medida certa.
   Tire fotos com as pessoas que você ama, não para enfeitar seu feed, mas para enfeitar sua casa. Sorria, não para parecer feliz nas fotos, mas para extravasar esse sentimento que não deve ser contido. 
     Saia, viaje, se divirta tanto, mais tanto, a ponto de nem sequer lembrar que existe algo parecido com uma câmera fotográfica, muito menos internet. 
     Assim, você saberá que seu dia valeu a pena. Mas, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.


Ass: Bruno Santos

Eclesiastes 1,14. "Vi tudo o que se faz debaixo do sol, e eis: tudo vaidade, e vento que passa."

Fontes:

Texto do parceiro Alex Olyveira


História da fotografia.      


Fotos históricas inusitadas.


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Não é Problema Meu

     Todos os dias nos deparamos com situações que exigem uma intervenção, mas, por muitas vezes, acreditamos que essa interferência não seja nosso encargo e sim de outro:

     -A luz daquela sala que ninguém está usando está acesa. Mas não fui eu quem ascendi.

     -Essa mesa está suja. Eu odeio trabalhar na sujeira, mas esse trabalho não é meu.

     -Aquela senhora não vai conseguir atravessar a rua sozinha, alguém deveria ajudá-la.

     -Aquela criança está com cara de perdida, tomara que alguém ajude.

     -Aquele cara vai matar a esposa de tanta pancada, mas em briga de marido e mulher não se mete a colher.

     -O pai daquele meu amigo está no boteco de novo. Coitadinho dele, vai ter que vir buscar o pai bebúm no meio da madrugada.

     -Aquele garoto que era da igreja está andando com uns garotos do tráfico no colégio, tomara que alguém converse com ele.

     Todos nós somos responsáveis, não apenas por nossos atos, mas também por nossas omissões. Existe uma frase popular na internet que diz "Existem dois tipos de pessoas más, as que fazem maldades e as que não agem para evitá-las".
     Quando Caim foi questionado por Deus sobre o paradeiro de seu irmão ele respondeu "Serei eu o seu guarda?", como quem pergunta, "Eu sou o babá dele?". Acontece que Caim já havia matado seu irmão e sabia muito bem onde ele estava.
     E você, por que se priva de zelar pelo seu irmão? Você já o matou em seu coração? Você sabe o que ele tem feito? O que te impede de lhe estender a mão? Será a inveja como no caso de Caim? Ou será vergonha por cometer erros tão graves ou até maiores que os dele? Será que você realmente está tão acomodado ou se acha tão melhor que ele que acredita que ele não mereça uma chance?
     Diversas situações cotidianas nos levam a realização de testes, de paciência, persistência, humildade, de fé. Testes que nos fortalecem ou nos destroem, de acordo com nosso preparo. Nós, obviamente, não estamos prontos para todos os desafio, mas podemos encontrar as respostas se buscarmos no lugar certo.

Gálatas, 6, 1-3
"Irmãos, se alguém for surpreendido numa falta, vós, que sois animados pelo Espírito, admoestai-o em espírito de mansidão. E tem cuidado de ti mesmo, para que não caias também em tentação! Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos, e deste modo cumprireis a lei de Cristo. Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo."

     Que possamos saber estender nossos braços aos nossos irmãos e mostrar a caridade cristã que nos foi ensinada.Que saibamos tomar uma atitude e sair da nossa área de conforto para ir até a necessidade dos outros.

Ass: Bruno Santos

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domingo, 3 de janeiro de 2016

Corrida de Obstáculos

     Essa semana estava com minha namorada na fila de um desses quiosques de redes de fastfood que vendem sorvetes. Em nossa frente, estava uma idosa com seu neto que queria um sunday. Ao que me parece a senhora queria satisfazer a vontade do neto, mas não sabia como se chamava ou quanto custava o que ele queria.
     Bem, como o nome diz, fastfood vende "comida rápida", então, os funcionários são treinados para atender com presteza e eficiência. Já no que se refere à simpatia, o comportamento desses jovens me deixou na dúvida sobre a política da rede. Ver três jovens fazendo caretas, revirando os olhos e apressando uma idosa não são imagens que ajudem a abrir meu apetite.
     Nesta mesma semana, ao ir, desta vez com uma jovem cadeirante, até uma filial dessa rede no Centro do Rio e perceber que só haviam mesas no segundo andar, onde só era possível chegar após subir dois lances de escada, notei que havia algo de errado.
     Se já não bastassem as ruas esburacadas, cheias de ondulações e paralelepípedos, a ausência de rampas, ou inadequação das existentes, a falta de espaços e mobiliários adaptados, ainda é preciso que essas pessoas, tanto idosas quanto deficientes, convivam com a incompreensão e o preconceito. Todos nós temos uma velhice nos aguardando no futuro, alguns podem ter cadeiras de rodas ou muletas antes disso, sejam temporárias ou permanentes. O fato é que precisamos aprender a olhar para essas pessoas com o respeito que elas merecem.
     Um idoso tem sua velocidade, raciocínio e resistência comprometidos, isso não é uma novidade! Se alguém não possui capacidade para enchergar isso precisa de mediação. Entretanto, assim como as pessoas com deficiência, os idosos precisam ter preservado seu direito de ir e vir. Parece que todas as dificuldades que essas pessoas já tem não são suficientes e por isso as ruas precisam parecer um circuito com obstáculos. Eu me arriscaria a dizer que eles são indesejáveis e por isso deixam as ruas assim para desencorajá-los a sair.
     Estamos prestes a receber as paraolimpíadas em nosso Estado que já tem a educação, saúde e segurança sucateados, ainda por cima teremos que baixar a cabeça e ouvir calados as reclamações dos atletas paraolimpicos que não vão conseguir sequer dar uma volta no quarteirão sem sofrer um acidente. Cadê os milhões investidos no "padrão FIFA"? Aquele dinheiro todo foi só pra construir estádio mesmo?
     Estamos entrando em um novo ano, é um tempo adequado para se tomar uma nova atitude. Que possamos nos preocupar menos com a implantação da ideologia de gênero nas escolas e mais com inclusão de cadeirantes, surdos e mudos. Que possamos compreender que um idoso não é alguém sem utilidade social, mas sim um poço de sabedoria que deve ser admirado e respeitado, mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos.

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